Josué
(Js)
Escritor: Incerto
Lugar da Escrita: Canaã
Data: 1400 - 1375
Os israelitas, acampados nas planícies de Moabe, estão prontos para
entrar em Canaã, a Terra Prometida. O território do outro lado do Jordão
é habitado por grande número de pequenos reinos, que possuem cada qual
um exército. Estes reinos estão divididos entre si e enfraquecidos em
razão dos muitos anos em que o Egito os dominou de modo corrupto.
Contudo, para a nação de Israel, a oposição é forte. Se o país há de ser
subjugado, será preciso tomar as muitas cidades fortificadas, tais como
Jericó, Ai, Hazor e Laquis. Tempos difíceis estão à frente. É preciso
travar e ganhar batalhas decisivas, com a ajuda do próprio Deus que
realizará grandes milagres para seu povo, a fim de cumprir a sua
promessa de o estabelecer nessa terra. Incontestavelmente, estes
acontecimentos extraordinários, tão notáveis nos tratos de Deus com o
seu povo, têm de ser assentados por escrito, e isso por uma testemunha
ocular. Que homem poderia ser melhor para isso do que o próprio Josué,
aquele que Deus designara qual sucessor de Moisés? — Núm. 27:15-23.
Deus escolheu Josué como líder dos acontecimentos prestes a ocorrer.
Durante os 40 anos passados no ermo, ele foi íntimo colaborador de
Moisés. Tem sido “ministro de Moisés desde a sua idade viril”, o que
mostra sua aptidão como líder espiritual e líder militar. (Núm. 11:28;
Êxo. 24:13; 33:11; Jos. 1:1) Quando Israel saiu do Egito, Josué era
capitão dos exércitos de Israel, quando este derrotou os amalequitas. (Êxo.
17:9-14) Na qualidade de companheiro leal de Moisés e valente comandante
do exército, era a escolha lógica para representar a tribo de Efraim,
quando se escolheu um homem de cada tribo para a perigosa missão de
espiar Canaã. A coragem e fidelidade que demonstrou nessa ocasião lhe
asseguraram a entrada na Terra Prometida. (Núm. 13:8; 14:6-9, 30, 38)
Sim, este Josué, filho de Num, é um “homem em quem há espírito”; um
homem que ‘seguiu a Deus integralmente’, um homem “cheio do Espírito de
sabedoria”. Não é de admirar que “Israel continuou a servir a Deus todos
os dias de Josué”. — Núm. 27:18; 32:12; Deut. 34:9; Jos. 24:31.
Josué não é personagem lendário, mas um servo de Deus, que realmente
existiu. Seu nome é mencionado nas Escrituras Gregas Cristãs. (Atos
7:45; Heb. 4:8) É lógico dizer que, assim como Moisés foi usado para
escrever sobre os eventos dos seus dias, seu sucessor, Josué, seria
usado para escrever os acontecimentos que ele próprio presenciou. Que o
livro foi escrito por alguém que presenciou os eventos, demonstra-se em
Josué 6:25. A tradição judaica atribui a escrita a Josué, e o próprio
livro declara: “Então escreveu Josué estas palavras no livro da lei de
Deus.” — Jos. 24:26.
Na ocasião da destruição de Jericó, Josué proferiu uma maldição
profética sobre os que reconstruíssem a cidade, que teve cumprimento
notável uns 500 anos mais tarde, nos dias de Acabe, rei de Israel. (Jos.
6:26; 1 Reis 16:33, 34) Além do mais, a autenticidade do livro de Josué
é confirmada pelas muitas referências que posteriores escritores da
Bíblia fazem aos eventos relatados nele. Vez após vez, os salmistas se
referem a estes (Sal. 44:1-3; 78:54, 55; 105:42-45; 135:10-12;
136:17-22), assim como Neemias (Nee. 9:22-25), Isaías (Isa. 28:21), o
apóstolo Paulo (Atos 13:19; Heb. 11:30, 31) e o discípulo Tiago (Tia.
2:25).
O livro de Josué abrange um período de mais de 20 anos, desde a entrada
em Canaã até provavelmente ao ano em que Josué morreu. O próprio nome
Josué (em hebraico: Yehoh·shú·a`), que significa “Deus É Salvação”, é
perfeitamente adequado, em vista do papel que Josué como líder visível
em Israel desempenhou durante a conquista do país. Ele atribuiu toda a
glória a Deus, o Libertador. Na Septuaginta, o livro é chamado I·e·soús
(o equivalente grego de Yehoh·shú·a`), e é desta palavra que se deriva o
nome Jesus. Pelas suas excelentes qualidades de coragem, obediência e
integridade, Josué foi realmente um maravilhoso tipo profético de “nosso
Senhor Jesus Cristo”. — Rom. 5:1.
CONTEÚDO DE JOSUÉ
O livro se divide de forma natural em quatro partes: (1) a entrada na
Terra Prometida, (2) a conquista de Canaã, (3) a distribuição do país e
(4) as exortações de despedida de Josué. O relato inteiro é feito de
modo vívido e está cheio de episódios dramáticos.
A entrada na Terra Prometida (Josué 1:1–5:12). Sabendo de antemão
as provações à frente, Deus de início encoraja a Josué e lhe dá bom
conselho: “Somente sê corajoso e muito forte . . . Este livro da lei não
se deve afastar da tua boca e tu o tens de ler em voz baixa dia e noite,
para cuidar em fazer segundo tudo o que está escrito nele; pois então
farás bem sucedido o teu caminho e então agirás sabiamente. Não te dei
ordem? Sê corajoso e forte . . . pois o Senhor, teu Deus, está contigo
onde quer que andares.” (1:7-9) Josué atribui o crédito a Deus como o
verdadeiro Líder e Comandante, e passa imediatamente a fazer os
preparativos para a travessia do Jordão, segundo a ordem de Deus. Os
israelitas o reconhecem como sucessor de Moisés e juram-lhe lealdade.
Avante, pois, para a conquista de Canaã!
Dois homens são enviados para fazer reconhecimento de Jericó. Raabe, a
meretriz, aproveita a oportunidade para mostrar sua fé em Deus,
escondendo os espias e arriscando sua própria vida. Em troca, os espias
juram que ela será poupada quando Jericó for destruída. Os espias
retornam trazendo a informação de que todos os habitantes do país estão
desalentados por causa dos israelitas. Sendo favorável o relatório,
Josué avança imediatamente em direção ao rio Jordão, que se acha na
época da cheia. É então que Deus dá uma prova tangível de que sustém a
Josué e de que, assim como no tempo de Moisés, há um “Deus vivente” no
meio de Israel. (3:10) No momento em que os sacerdotes que carregam a
arca do pacto põem os pés nas águas do Jordão, as águas a montante se
encapelam, permitindo que os israelitas atravessem a pé enxuto. Josué
toma 12 pedras do meio do rio como memorial, e coloca outras 12 pedras
dentro do rio, onde os sacerdotes se acham de pé, após o que os
sacerdotes atravessam o rio, e as águas retornam à cheia.
Tendo atravessado o rio, o povo acampa em Gilgal, entre o Jordão e
Jericó, e ali Josué coloca as pedras memoriais como testemunho para as
gerações futuras, ‘para que todos os povos da terra conheçam a mão de
Deus, que ela é forte; a fim de que deveras temais ao Senhor, vosso
Deus, para sempre’. (4:24) (Josué 10:15 indica que, depois disso, Gilgal
foi usado, talvez, como acampamento de base por um bom tempo.) É aqui
que os filhos de Israel são circuncidados, pois não havia sido praticada
a circuncisão durante a jornada no ermo. Celebra-se a Páscoa, cessa o
maná e finalmente os israelitas começam a comer dos produtos da terra.
A conquista de Canaã (5:13–12:24). Agora, o primeiro objetivo se
acha ao alcance deles. Mas como tomar esta “rigorosamente fechada”,
murada, cidade de Jericó? (6:1) O próprio Deus dá os pormenores do
proceder a seguir, enviando o “príncipe do exército de Deus” para
instruir a Josué. (5:14) Uma vez por dia, durante seis dias, os
exércitos de Israel devem marchar em volta da cidade, estando à testa os
guerreiros, seguidos dos sacerdotes que tocam as buzinas de corno de
carneiro e de outros que carregam a arca do pacto. No sétimo dia,
precisam fazer a volta sete vezes. Josué transmite fielmente as ordens
ao povo. Exatamente como se lhes ordenou, os exércitos marcham em volta
de Jericó. Não se profere nenhuma palavra. Não se ouve senão o barulho
surdo de passos e o toque das buzinas pelos sacerdotes. Daí, no último
dia, depois de se completar a sétima volta, Josué lhes dá o sinal para
gritarem. Eles dão “um grande grito de guerra”, e as muralhas de Jericó
ruem! (6:20) Todos juntos, lançam-se sobre a cidade, capturando-a e
devotando-a à destruição pelo fogo. Somente a fiel Raabe e sua família
são poupadas.
Agora rumo ao oeste, para Ai! A certeza de outra vitória fácil se
transforma em terror, quando os homens de Ai desbaratam os 3.000
soldados israelitas enviados para capturar a cidade. O que acontecera?
Será que Deus abandonara seu povo? Inquieto, Josué consulta a Deus. Deus
revela que, contrário à sua ordem de destruir tudo o que havia em
Jericó, alguém no acampamento desobedeceu, roubando algo e escondendo-o.
Essa impureza precisa ser removida do acampamento antes que Israel possa
continuar a prosperar com a bênção de Deus. Sob a orientação divina, Acã,
o malfeitor, é descoberto, e ele e sua família são mortos a pedradas.
Restabelecido o favor de Deus, os israelitas avançam contra Ai. O
próprio Deus revela mais uma vez a estratégia a usar. Os homens de Ai
são engodados a sair de sua cidade murada e descobrem que estão
encurralados numa emboscada. A cidade é capturada e destruída, com todos
os seus habitantes. (8:26-28) Não há transigência com o inimigo!
Josué edifica a seguir um altar no monte Ebal, em obediência à ordem de
Deus por intermédio de Moisés, e escreve sobre as pedras “uma cópia da
lei”. (8:32) Depois, Josué lê as palavras da Lei, junto com a bênção e a
maldição, perante a assembléia da inteira nação que está de pé, metade
diante do monte Gerizim e a outra metade diante do monte Ebal. — Deut.
11:29; 27:1-13.
Diversos dos pequenos reinos de Canaã, alarmados com o progresso rápido
da invasão, se unem no esforço de impedir o avanço de Josué. Mas, ‘os
habitantes de Gibeão, ouvindo o que Josué havia feito a Jericó e a Ai,
agem com astúcia’. (Jos. 9:3, 4) Fingem ser de um país distante de
Canaã, e fazem um pacto com Josué “para deixá-los viver”. Quando os
israelitas descobrem o ardil, respeitam o pacto, mas fazem dos
gibeonitas “ajuntadores de lenha e tiradores de água”, quais ‘escravos
mais baixos’, cumprindo-se assim em parte a maldição que Noé, sob
inspiração divina, pronunciara contra Canaã, filho de Cã. — Jos. 9:15,
27; Gên. 9:25.
Essa deserção dos gibeonitas não é coisa insignificante, pois “Gibeão
era uma cidade grande . . . maior do que Ai, e todos os seus homens eram
poderosos”. (Jos. 10:2) Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, vê nisso uma
ameaça contra si mesmo e contra os demais reinos de Canaã. Tem de ser
punido para servir de exemplo, a fim de que não haja mais deserção para
o lado do inimigo. Portanto, Adoni-Zedeque e outros quatro reis (das
cidades-reinos de Hébron, Jarmute, Laquis e Eglom) se organizam e
guerreiam contra Gibeão. Josué, fiel a seu pacto com os gibeonitas,
marcha a noite inteira para ir em socorro deles, e desbarata os
exércitos dos cinco reis. Mais uma vez, Deus luta pelo seu povo,
empregando poderes e sinais sobre-humanos, com resultados devastadores.
Grandes pedras de saraiva caem do céu, matando mais inimigos do que as
espadas do exército israelita. Daí, maravilha das maravilhas, ‘o sol
fica parado no meio dos céus e não tem pressa em pôr-se por cerca de um
dia inteiro’. (10:13) Assim, podem ser completadas as operações de
limpeza. Os sábios do mundo talvez tentem desacreditar este
acontecimento miraculoso, mas os homens de fé aceitam o relato divino,
bem cientes do poder de Deus de controlar as forças do universo e de
dirigi-las segundo a Sua vontade. Pois, com efeito, “o próprio Deus
lutava por Israel”. — 10:14.
Josué, depois de matar os cinco reis, destrói a Maquedá. Indo
rapidamente para o sul, destrói completamente a Libna, Laquis, Eglom,
Hébron e Debir, cidades situadas nas montanhas e colinas entre o mar
Salgado e o Grande Mar. As notícias sobre a invasão espalham-se então
por todo o país de Canaã. No Norte, o alarme é dado por Jabim, rei de
Hazor. A toda a parte, a ambos os lados do Jordão, ele envia mensageiros
para convocar uma ação unida em massa contra os israelitas. Quando as
forças reunidas do inimigo se acampam junto às águas de Merom, abaixo do
monte Hermom, são uma “multidão como os grãos de areia que há à beira do
mar”. (11:4) Novamente Deus assegura a Josué a vitória e fornece o plano
da estratégia da batalha. Qual o resultado? Mais uma derrota esmagadora
para os inimigos do povo de Deus! Hazor é incendiada, e as cidades
aliadas e seus reis são destruídos. Assim, Josué estende a área da
dominação israelita por todo o comprimento e por toda a largura de
Canaã. Trinta e um reis foram derrotados.
A distribuição do país (13:1–22:34). Apesar dessas muitas
vitórias, destruição das muitas cidades principais fortificadas e fim da
resistência organizada por algum tempo, “em uma parte muito grande ainda
resta de se tomar posse do país”. (13:1) Mas, Josué já está com quase 80
anos, e outro trabalho grande ainda resta a fazer — o da distribuição do
país por herança entre nove tribos inteiras e a meia tribo de Manassés.
Rubem, Gade e metade da tribo de Manassés já receberam a sua herança ao
leste do Jordão, e a tribo de Levi não receberá nenhuma, sendo a sua
herança “o Senhor Deus, o Deus de Israel”. (13:33) Com a ajuda do
sacerdote Eleazar, Josué faz então as designações do lado oeste do
Jordão. Calebe, com 85 anos de idade, sempre com o mesmo zelo para lutar
contra os inimigos de Deus até o fim, solicita Hébron, uma região
infestada de anaquins, o que lhe é concedido. (14:12-15) Depois de as
tribos receberem as suas heranças por sorte, Josué solicita a cidade de
Timnate-Sera, nos montes de Efraim, e isto lhe é concedido “por ordem de
Deus”. (19:50) A tenda da reunião é armada em Silo, que também fica na
região montanhosa de Efraim.
Seis cidades de refúgio são reservadas, três de cada lado do Jordão,
para o homicida não intencional. As ao oeste do Jordão são Quedes, na
Galiléia; Siquém, em Efraim; e Hébron, no território montanhoso de Judá.
As ao leste são Bezer, no território de Rubem; Ramote, em Gileade; e
Golã, em Basã. Deu-se a estas “categoria sagrada”. (20:7) Quarenta e
oito cidades, com seus pastios, das que foram dadas a cada tribo, são
designadas por sorte como cidades de residência para os levitas. Essas
incluem as seis cidades de refúgio. Dessa forma, Israel ‘passou a tomar
posse da terra e a morar nela’. Como Deus prometera, “tudo se cumpriu”.
— 21:43, 45.
Os guerreiros das tribos de Rubem, de Gade e da meia tribo de Manassés,
que continuaram com Josué até este tempo, voltam agora para as suas
heranças, do outro lado do Jordão, levando consigo a exortação de serem
fiéis e a bênção de Josué. A caminho, ao chegarem perto do Jordão,
erigem um grande altar. Isto provoca uma crise. Visto que o lugar
designado para a adoração de Deus é a tenda de reunião, em Silo, as
tribos do oeste temem traição e deslealdade, e preparam-se para lutar
contra os supostos rebeldes. Entretanto, evita-se o derramamento de
sangue, quando se explica que o altar não é para sacrifícios, mas apenas
para servir de “testemunha entre nós [os israelitas ao leste e ao oeste
do Jordão] de que o Senhor Deus é o verdadeiro Deus”. — 22:34.
Exortações de despedida de Josué (23:1–24:33). ‘E sucede, muitos
dias depois de Deus ter dado a Israel descanso de todos os seus inimigos
ao redor, sendo Josué já idoso e avançado em dias’, que ele convoca todo
o Israel para dar inspiradas exortações de despedida. (23:1) Humilde até
o fim, ele atribui a Deus todo o crédito das grandes vitórias sobre as
nações. Que todos continuem agora a ser fiéis! “Tendes de ser muito
corajosos para guardar e fazer tudo o que está escrito no livro da lei
de Moisés, nunca vos desviando dele nem para a direita nem para a
esquerda.” (23:6) Precisam evitar os deuses falsos, e ‘guardar
constantemente as suas almas, amando ao Senhor, seu Deus’. (23:11) Não
pode haver transigência com os cananeus remanescentes ali, nem casamento
nem alianças de interconfessionalismo com eles, pois isto provocaria a
ira ardente de Deus contra eles.
Reunindo todas as tribos em Siquém, e convocando os respectivos
representantes delas perante Deus, Josué passa a fazer a narrativa
pessoal de Deus sobre seus tratos com seu povo desde o momento em que
chamou a Abraão e o conduziu a Canaã até a conquista e a ocupação da
Terra da Promessa. Novamente Josué adverte contra a religião falsa,
exortando Israel a ‘temer a Deus e servi-lo sem defeito e em verdade’.
Sim: “servi a Deus”! A seguir, ele lhes apresenta o assunto com a máxima
clareza: “Escolhei hoje para vós a quem servireis, se aos deuses a quem
serviram os vossos antepassados . . . ou aos deuses dos amorreus em cuja
terra morais. Mas, quanto a mim e aos da minha casa, serviremos a Deus.”
Com convicção que faz lembrar a de Moisés, Josué relembra Israel que o
Senhor “é um Deus santo; ele é um Deus que exige devoção exclusiva”.
Portanto, abaixo os deuses estranhos! Então, o povo fica entusiasmado a
declarar à uma só voz: “Ao Senhor, nosso Deus, serviremos, e a sua voz
escutaremos!” (24:14, 15, 19, 24) Antes de os despedir, Josué faz um
pacto com eles, escreve essas palavras no livro da lei de Deus e coloca
uma grande pedra para servir de testemunho. Daí, Josué morre em idade
avançada, com 110 anos, e é enterrado em Timnate-Sera.
POR QUE É PROVEITOSO
Ao ler as exortações de despedida de Josué relativas ao serviço fiel,
não vibra seu coração? Não endossa as palavras que Josué proferiu há
mais de 3.400 anos: “Quanto a mim e aos da minha casa, serviremos a
Deus”? Ou, se estiver servindo a Deus em condições difíceis ou isolado
de outros fiéis, não se sente inspirado com as palavras de Deus
dirigidas a Josué no início da marcha para a Terra da Promessa: “Sê
corajoso e muito forte”? Além do mais, não acha que é de inestimável
proveito seguir o Seu conselho de ‘ler [a Bíblia] em voz baixa, dia e
noite, para fazer bem sucedido o seu caminho’? Certamente, todos os que
seguem estes conselhos sábios os acharão notavelmente proveitosos. —
24:15; 1:7-9.
Os eventos, descritos tão vividamente no livro de Josué, são mais do que
mera história antiga. Destacam os princípios divinos — acima de tudo
sublinham que a fé implícita em Deus e a obediência a Êle são vitais
para a obtenção das bênçãos dÊle. O autor da carta aos hebreus, conta
que pela fé “caíram os muros de Jericó, depois de terem sido rodeados
por sete dias”, e que, pela fé, “Raabe, a meretriz, não pereceu com os
que agiram desobedientemente”. (Heb. 11:30, 31) Tiago menciona
igualmente a Raabe como exemplo útil para os cristãos quanto a produzir
obras de fé. — Tia. 2:24-26.
Os eventos incomuns e sobrenaturais, relatados em Josué 10:10-14, onde
se diz que o sol se deteve e a lua ficou parada, bem como os muitos
outros milagres que Deus realizou para seu povo, são poderosos lembretes
de que o propósito de Deus é exterminar definitivamente todos os iníquos
oponentes de Deus, e que Ele tem poder para isso. Isaías relaciona a
cena das batalhas de Gibeão, tanto na época de Josué como na de Davi,
com Deus levantar-se agitado para tal extermínio, “para fazer o seu ato
— seu ato é estranho — e para executar a sua obra — sua obra é incomum”.
— Isa. 28:21, 22.
Apontam os acontecimentos narrados no livro de Josué para o Reino de
Deus? Certamente que sim! Que a conquista e o povoamento da Terra
Prometida têm a ver com algo de muito maior importância, foi indicado
pelo autor da carta aos hebreus, que disse: “Pois, se Josué os tivesse
conduzido a um lugar de descanso, Deus não teria depois falado de outro
dia. De modo que resta um descanso sabático para o povo de Deus.” (Heb.
4:1, 8, 9) Eles fazem empenho para assegurar a sua “entrada no reino
eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. (2Ped.1:10,11) Segundo
indicado em Mateus 1:5, Raabe se tornou uma antepassada de Jesus Cristo.
O livro de Josué fornece, pois, na narrativa, outro elo importante que
conduz à produção da Semente do Reino. Esse livro dá a firme segurança
de que as promessas do Reino de Deus se cumprirão ao pé da letra.
Falando da promessa de Deus feita a Abraão, a Isaque e a Jacó, e a seus
descendentes, os israelitas, o relato diz concernente aos dias de Josué:
“Não falhou nem uma única de todas as boas promessas que Deus fizera à
casa de Israel; tudo se cumpriu.” (Jos. 21:45; Gên. 13:14-17) O mesmo se
dá com a “boa promessa” de Deus relativa ao justo Reino dos céus — tudo
se cumprirá!