2 Reis
(2Rs)
Escritor: Anônimo
Lugar da Escrita: Jerusalém e Judá
Escrita Completada: Cerca de 560-550 a.C.
Tema: Reis de Israel e de Judá
O Livro de Segundo Reis continua a traçar o curso turbulento dos reinos
de Israel e Judá. Eliseu tomou o manto de Elias e foi abençoado com duas
parcelas do espírito de Elias, realizando 16 milagres, em comparação com
os 8 de Elias. Ele continuou a profetizar a condenação do Israel
apóstata, onde apenas Jeú forneceu um breve lampejo de zelo por Deus. Os
reis de Israel se afundaram cada vez mais na iniqüidade, até que
finalmente o reino setentrional caiu diante da Assíria. No meridional
reino de Judá, alguns reis de destaque, notavelmente Jeosafá, Jeoás,
Ezequias e Josias, detiveram a onda de apostasia por algum tempo, mas,
por fim, Nabucodonosor executou o julgamento de Deus por devastar
Jerusalém, seu templo, e a terra de Judá. Assim se cumpriram as
profecias de Deus e se vindicou a sua palavra!
Visto que Segundo Reis fazia originalmente parte do mesmo rolo que
Primeiro Reis, o que já foi mencionado relativo a ser Jeremias o
escritor se aplica igualmente aqui, assim como as provas da canonicidade
e autenticidade do livro. Foi completado por volta de 560 a.C, e abrange
o período que começa com o reinado de Acazias, de Israel e termina no
37.° ano do exílio de Joaquim. 2 Reis 1:1; 25:27.
As descobertas arqueológicas que apóiam o registro de Segundo Reis dão
evidência adicional de sua genuinidade. Por exemplo, há a famosa Pedra
Moabita, cuja inscrição fornece a versão do rei moabita Mesa sobre a
guerra entre Moabe e Israel. (3:4, 5) Há também o obelisco de basalto
negro do assírio Salmaneser III, exibido atualmente no Museu Britânico,
em Londres, que menciona o Rei Jeú, de Israel, por nome. Há as
inscrições do Rei Tiglate-Pileser III (Pul), da Assíria, que cita o nome
de diversos reis de Israel e Judá, incluindo Menaém, Acaz, e Peca.
15:19, 20; 16:5-8.
Uma prova clara da autenticidade do livro se acha na extrema candura com
que este descreve a execução dos julgamentos de Deus sobre seu próprio
povo. Ao passo que primeiro o reino de Israel e daí o reino de Judá se
desmoronam em ruínas, salienta-se-nos a poderosa força do julgamento
profético de Deus em Deuteronômio 28:1529:28. Na destruição desses
reinos, “acendeu-se . . . a ira de Deus contra essa terra, trazendo
sobre ela a inteira invocação do mal escrita neste livro”. (Deut. 29:27;
2 Reis 17:18; 25:1, 9-11) Outros eventos registrados em Segundo Reis são
elucidados em outras partes das Escrituras. Em Lucas 4:24-27, depois de
Jesus se referir a Elias e à viúva de Sarefá, passa a falar de Eliseu e
Naamã, mostrando por que ele próprio não foi aceito como profeta em seu
próprio território. Assim, demonstra-se que tanto Primeiro como Segundo
Reis são parte integrante das Escrituras Sagradas.
CONTEÚDO DE SEGUNDO REIS
Acazias, rei de Israel (1:1-18). Sofrendo uma queda em casa, este
filho de Acabe adoece. Ele envia mensageiros para consultar Baal-Zebube,
deus de Ecrom, sobre se há de sarar. Elias intercepta os mensageiros e
os envia de volta ao rei, repreendendo-o por não consultar o verdadeiro
Deus, e dizendo-lhe que, por não se ter voltado para o Deus de Israel,
positivamente morrerá. Quando o rei envia um chefe com 50 homens para
apanhar Elias e trazê-lo ao rei, Elias invoca fogo do céu para
devorá-los. O mesmo ocorre a um segundo chefe com seus 50. Um terceiro
chefe com 50 homens são enviados, e desta vez Elias poupa a vida deles
em virtude do apelo respeitoso do chefe. Elias vai com eles ao rei e
declara outra vez a sentença de morte sobre Acazias. O rei morre assim
como Elias disse que sucederia. Daí, Jeorão, irmão de Acazias, torna-se
rei sobre Israel, pois Acazias não tem filho varão para o suceder.
Eliseu sucede a Elias (2:1-25). Chega o tempo de Elias ser
levado. Eliseu acompanha-o de perto em sua viagem de Gilgal a Betel, até
Jericó, e finalmente atravessando o Jordão. Elias divide as águas do
Jordão por golpeá-las com seu manto oficial. Ao observar um carro de
guerra, de fogo, e cavalos de fogo se interporem entre ele e Elias, e
ver Elias subir num vendaval, Eliseu recebe as prometidas duas parcelas
do espírito de Elias. Ele logo mostra que “o espírito de Elias” pousa
sobre ele. (2:15) Apanhando o manto caído de Elias, usa-o para dividir
outra vez as águas. Daí, torna saudáveis as águas ruins de Jericó. A
caminho de Betel, garotos começam a zombar dele: “Sobe, careca! Sobe,
careca!” (2:23) Eliseu invoca a Deus, e duas ursas saem da floresta e
matam 42 desses delinqüentes juvenis.
Jeorão, rei de Israel (3:1-27). Este rei persiste em fazer o que
é mau aos olhos de Deus, apegando-se aos pecados de Jeroboão. O rei de
Moabe vinha pagando tributo a Israel, mas agora se revolta, e Jeorão
obtém a ajuda do Rei Jeosafá, de Judá, e do rei de Edom em ir contra
Moabe. A caminho para o ataque, seus exércitos chegam a uma região onde
não há água, e estão prestes a perecer. Os três reis descem a Eliseu
para consultar a Deus, seu Deus. Por causa do fiel Jeosafá, Deus os
socorre e lhes dá a vitória sobre Moabe.
Outros milagres de Eliseu (4:1-8:15). Uma vez que os credores da
viúva de um dos filhos dos profetas estão prestes a tomar-lhe os dois
filhos como escravos, ela busca a ajuda de Eliseu. Este multiplica
milagrosamente o pequeno suprimento de azeite em sua casa, de modo que
ela consegue vender o suficiente para pagar as dívidas. Certa sunamita
reconhece Eliseu como profeta do verdadeiro Deus, e ela e o marido
preparam um quarto para ele usar sempre que passar por Suném. Por causa
da bondade dela, Deus a abençoa com um filho. Alguns anos mais tarde, o
filho adoece e morre. A mulher recorre imediatamente a Eliseu. Ele a
acompanha à sua casa, e, pelo poder de Deus, ressuscita o filho dela.
Retornando aos filhos dos profetas em Gilgal, Eliseu remove
milagrosamente a “morte na panela”4:40 por tornar inócuas as bagas
venenosas. Daí, alimenta cem homens com 20 pães de cevada, contudo
restam “sobras”. 4:40, 44.
Naamã, o chefe do exército sírio, é leproso. Uma mocinha israelita
cativa diz à esposa de Naamã que há um profeta em Samaria que pode
curá-lo. Naamã viaja para ir ter com Eliseu, mas, em vez de atendê-lo
pessoalmente, Eliseu simplesmente manda dizer-lhe que vá banhar-se sete
vezes no rio Jordão. Naamã fica indignado diante de tal aparente falta
de respeito. Não são os rios de Damasco melhores do que as águas de
Israel? Mas é persuadido a obedecer a Eliseu, e fica curado. Eliseu se
recusa a aceitar um presente como recompensa, porém, mais tarde seu
assistente Geazi corre atrás de Naamã e pede um presente em nome de
Eliseu. Quando volta e tenta enganar Eliseu, Geazi é acometido de lepra.
Ainda outro milagre é realizado quando Eliseu faz o ferro dum machado
flutuar.
Quando Eliseu avisa o rei de Israel sobre uma trama dos sírios para o
matar, o rei da Síria envia uma força militar a Dotã para capturar
Eliseu. O assistente de Eliseu, vendo a cidade cercada por exércitos da
Síria, fica temeroso. Eliseu o assegura: “Não tenhas medo, porque mais
são os que estão conosco do que os que estão com eles.” Daí, ora a Deus
para que permita a seu assistente ver a grande força que está com
Eliseu. ‘E eis que a região montanhosa está cheia de cavalos e de carros
de guerra, de fogo, em torno de Eliseu.’ (6:16, 17) Quando os sírios
atacam, o profeta ora outra vez a Deus, e os sírios são acometidos de
cegueira mental e conduzidos ao rei de Israel. Em vez de entregá-los à
morte, porém, Eliseu diz ao rei que lhes ofereça um banquete e os
despeça para casa.
Mais tarde, o Rei Ben-Hadade da Síria sitia Samaria, e ocorre uma grande
fome. O rei de Israel culpa a Eliseu, mas o profeta prediz uma fartura
de alimentos para o dia seguinte. Durante a noite, Deus faz com que os
sírios ouçam o barulho de um grande exército, de modo que fogem,
deixando todas as suas provisões para os israelitas. Depois de algum
tempo, Ben-Hadade adoece. Ao ouvir a notícia de que Eliseu chegara a
Damasco, envia Hazael para perguntar-lhe se ele se restabelecerá. A
resposta de Eliseu indica que o rei morrerá e que Hazael se tornará rei
em seu lugar. Hazael se certifica disso por ele próprio matar o rei e
assumir a realeza.
Jeorão, rei de Judá (8:16-29). Nesse meio tempo, em Judá, o filho
de Jeosafá, Jeorão, é agora rei. Ele não demonstra ser melhor do que os
reis de Israel, fazendo o que é mau aos olhos de Deus. Sua esposa é
filha de Acabe, Atalia, cujo irmão, também chamado Jeorão, reina em
Israel. Com a morte de Jeorão, de Judá, seu filho Acazias torna-se rei
em Jerusalém.
Jeú, rei de Israel (9:1-10:36). Eliseu envia um dos filhos dos
profetas para ungir a Jeú como rei de Israel e comissioná-lo a eliminar
a inteira casa de Acabe. Jeú não perde tempo. Vai atrás de Jeorão, rei
de Israel, que está em Jezreel recuperando-se de ferimentos sofridos na
guerra. O vigia vê a movimentada massa de homens aproximando-se, e por
fim informa o rei: “O guiar é como o guiar de Jeú, neto de Ninsi, pois é
com loucura que ele guia o carro.” (9:20) Jeorão, de Israel, e Acazias,
de Judá, indagam sobre a intenção de Jeú. Jeú responde por perguntar:
“Que paz pode haver enquanto há as fornicações de Jezabel, tua mãe, e as
suas muitas feitiçarias?” (9:22) Quando Jeorão se vira para fugir, Jeú
atira uma flecha que lhe traspassa o coração. Seu corpo é lançado ali no
campo de Nabote, como retribuição adicional pelo sangue inocente
derramado por Acabe. Mais tarde, Jeú e seus homens perseguem a Acazias,
ferindo-o, de modo que morre em Megido. Dois reis morrem na primeira
campanha-relâmpago de Jeú.
Agora é a vez de Jezabel! Quando Jeú entra triunfantemente em Jezreel,
Jezabel aparece na janela, deslumbrantemente maquiada. Jeú não se deixa
impressionar. “Deixai-a cair!”, diz ele a alguns assistentes. Ela
despenca, e seu sangue salpica o muro e os cavalos que a pisoteiam.
Quando vão enterrá-la, só encontram o crânio, os pés e as palmas das
mãos dela. Isto ocorre em cumprimento da profecia de Elias, ‘os cães a
comeram, e ela se tornou estrume no lote de terreno de Jezreel’. 2 Reis
9:33, 36, 37; 1 Reis 21:23.
A seguir, Jeú ordena a matança dos 70 filhos de Acabe, e amontoa as
cabeças deles à entrada de Jezreel. São mortos em Jezreel todos os
subservientes de Acabe. Daí, segue para a capital de Israel, Samaria! A
caminho, encontra os 42 irmãos de Acazias, que viajam para Jezreel, não
estando a par do que ocorre. Eles são apanhados e mortos. Mas, agora há
outra espécie de encontro. Jonadabe, filho de Recabe, sai ao encontro de
Jeú. À pergunta de Jeú: “É teu coração reto para comigo assim como o meu
próprio coração é para com o teu coração?”, Jonadabe responde: “É.”
Então, Jeú o faz ir junto no carro, para ver em primeira mão como ele
‘não tolera rivalidade para com Deus’. 2 Reis 10:15, 16.
Ao chegar a Samaria, Jeú aniquila tudo que resta de Acabe, segundo a
palavra de Deus a Elias. (1 Reis 21:21, 22) Todavia, que dizer da
detestável religião de Baal? Jeú declara: “Acabe, por um lado, adorou um
pouco a Baal. Jeú por outro lado, o adorará muitíssimo.” (2 Reis 10:18)
Convocando todos esses adoradores de demônios à casa de Baal, manda-os
pôr suas vestes de identificação e se certifica de que não haja entre
eles nenhum adorador de Deus. Daí, manda seus homens entrar e golpear a
todos eles. A casa de Baal é demolida, e o lugar é transformado em
latrinas, que existem até os dias de Jeremias. ‘Assim aniquila Jeú a
Baal em Israel.’ 10:28.
Entretanto, até o zeloso Jeú falha. Em quê? No sentido de que continua a
seguir os bezerros de ouro que Jeroboão estabeleceu em Betel e Dã. Ele
não ‘cuida em andar na lei de Deus, o Deus de Israel, de todo o seu
coração’. (10:31) Mas, por causa de sua ação contra a casa de Acabe,
Deus promete que seus descendentes reinarão sobre Israel até a quarta
geração. Nos seus dias, Deus começa a decepar a parte oriental do reino,
trazendo Hazael da Síria contra Israel. Depois de reinar 28 anos, Jeú
morre e é sucedido pelo seu filho Jeoacaz.
Jeoás, rei de Judá (11:1-12:21). A rainha-mãe, Atalia, é filha de
Jezabel, na carne e no espírito. Ao saber da morte de Acazias, seu
filho, ordena a execução da inteira família real e apodera-se do trono.
Somente o filho bebê de Acazias, Jeoás, escapa da morte ao ser
escondido. No sétimo ano do reinado de Atalia, Jeoiada, o sacerdote, faz
com que Jeoás seja ungido rei e manda matar Atalia. Jeoiada dirige o
povo na adoração de Deus, instrui o jovem rei nos seus deveres perante
Deus, e providencia o conserto da casa de Deus. Por meio de presentes,
Jeoás faz retroceder um ataque de Hazael, rei da Síria. Depois de
governar por 40 anos em Jerusalém, Jeoás é assassinado por servos seus,
e Amazias, seu filho, começa a reinar em seu lugar.
Jeoacaz e Jeoás, reis de Israel (13:1-25). Jeoacaz, filho de Jeú,
continua na adoração de ídolos, e Israel vem a estar sob o poder da
Síria, embora Jeoacaz não seja destronado. Com o passar do tempo, Deus
liberta os israelitas, mas estes continuam na adoração do bezerro,
estabelecida por Jeroboão. Com a morte de Jeoacaz, seu filho Jeoás toma
seu lugar como rei em Israel, enquanto o outro Jeoás reina em Judá.
Jeoás, de Israel, continua na adoração de ídolos de seu pai. Quando
morre, seu filho Jeroboão se torna rei. É durante o reinado de Jeoás que
Eliseu adoece e morre, depois de proferir sua profecia final de que
Jeoás golpeará a Síria três vezes, o que se cumpre devidamente. O
milagre final atribuído a Eliseu ocorre após sua morte, quando um homem
morto é lançado na mesma sepultura, levantando-se vivo assim que toca
nos ossos de Eliseu.
Amazias, rei de Judá (14:1-22). Amazias faz o que é reto aos
olhos de Deus, mas deixa de destruir os altos usados para adoração. É
derrotado na guerra por Jeoás, de Israel. Após reinar por 29 anos, é
morto numa conspiração. Azarias, seu filho, é constituído rei em seu
lugar.
Jeroboão II, rei de Israel (14:23-29). O segundo Jeroboão a ser
rei em Israel continua na adoração falsa de seu antepassado. Reina em
Samaria por 41 anos e tem êxito em recuperar os territórios perdidos de
Israel. Zacarias, seu filho, o sucede no trono.
Azarias (Uzias), rei de Judá (15:1-7). Azarias governa por 52
anos. É reto perante Deus, mas deixa de destruir os altos. Mais tarde,
Deus o flagela com lepra, e seu filho Jotão cuida dos deveres reais,
tornando-se rei ao morrer Azarias.
Zacarias, Salum, Menaém, Pecaías e Peca, reis de Israel (15:8-31).
Segundo a promessa de Deus, o trono de Israel permanece na casa de Jeú
até a quarta geração, Zacarias. (10:30) Por conseguinte, este se torna
rei em Samaria, e seis meses depois um assassino o mata. Salum, o
usurpador, dura apenas um mês. A adoração falsa, o assassínio e a
intriga continuam a afligir Israel durante os reinados sucessivos dos
reis Menaém, Pecaías e Peca. Durante o reinado de Peca, a Assíria fecha
o cerco para o derradeiro ataque. Oséias assassina Peca, tornando-se o
último rei de Israel.
Jotão e Acaz, reis de Judá (15:32-16:20). Jotão pratica a
adoração pura, mas permite que os altos continuem. Acaz, seu filho,
imita os reis do vizinho Israel por praticar o que é mau aos olhos de
Deus. Quando atacado pelos reis de Israel e da Síria, solicita a ajuda
do rei da Assíria. Os assírios vêm em seu socorro, capturando Damasco, e
Acaz vai para lá ao encontro do rei da Assíria. Vendo o altar de
adoração ali, Acaz manda erigir um em Jerusalém segundo o mesmo modelo,
e passa a oferecer sacrifícios nele em vez de no altar de cobre do
templo de Deus. Seu filho Ezequias torna-se rei de Judá qual sucessor
seu.
Oséias, o último rei de Israel (17:1-41). Israel vem a estar
agora sob o poder da Assíria. Oséias se rebela e busca a ajuda do Egito,
mas no nono ano de seu reinado, Israel é conquistado pela Assíria e
levado cativo. Assim termina o reino das dez tribos de Israel. Por quê?
“Porque os filhos de Israel pecaram contra Deus, seu Deus . . . E
continuaram a servir a ídolos sórdidos, a respeito dos quais Deus lhes
dissera: ‘Não deveis fazer tal coisa’; por isso Deus ficou muito irado
com Israel, de modo que os removeu da sua vista.” (17:7, 12, 18) Os
assírios trazem pessoas do leste para se estabelecerem no país, e estas
se tornam “tementes de Deus”, embora continuem adorando seus próprios
deuses. 17:33.
Ezequias, rei de Judá (18:1-20:21). Ezequias faz o que é correto
aos olhos de Deus, segundo tudo o que Davi, seu antepassado, havia
feito. Desarraíga a adoração falsa e despedaça os altos, e até destrói a
serpente de cobre feita por Moisés, porque agora o povo a venera.
Senaqueribe, rei da Assíria, invade Judá e captura muitas cidades
fortificadas. Ezequias tenta suborná-lo por meio de pesado tributo, mas
Senaqueribe envia seu mensageiro Rabsaqué, que vai até os muros de
Jerusalém exigindo a rendição e zombando de Deus diante dos ouvidos de
todo o povo. O profeta Isaías reanima o fiel Ezequias com uma mensagem
de ruína contra Senaqueribe. “Assim disse Deus: ‘Não tenhas medo.’”
(19:6) Ao passo que Senaqueribe continua a ameaçar, Ezequias implora a
Deus: “E agora, ó Senhor, nosso Deus, salva-nos, por favor, da sua mão,
para que todos os reinos da terra saibam que somente tu, ó Senhor, és
Deus.” 19:19.
Responde Deus esta oração altruísta? Primeiro, por meio de Isaías, envia
a mensagem de que “o próprio zelo do Sehor Deus dos exércitos” fará o
inimigo recuar. (19:31) Daí, naquela mesma noite, ele envia seu anjo
para golpear 185.000 no acampamento dos assírios. De manhã ‘todos eles
são cadáveres’. (19:35) Senaqueribe volta derrotado e passa a morar em
Nínive. Ali, seu deus Nisroque lhe falha mais uma vez, pois é enquanto
está prostrado em adoração que seus próprios filhos o matam, em
cumprimento da profecia de Isaías. 19:7, 37.
Ezequias fica doente a ponto de morrer, mas Deus ouve outra vez a sua
oração e prolonga-lhe a vida por mais 15 anos. O rei de Babilônia envia
mensageiros com presentes, e Ezequias se atreve a mostrar-lhes toda a
sua casa do tesouro. Isaías profetiza, então, que tudo em sua casa será
um dia levado para Babilônia. Ezequias morre então, famoso pelo seu
poder e pelo túnel que construiu a fim de trazer para dentro da cidade o
abastecimento de água de Jerusalém.
Manassés, Amom e Josias, reis de Judá (21:1-23:30). Manassés
sucede seu pai, Ezequias, e reina 55 anos, fazendo em grande escala o
que é mau aos olhos de Deus. Restabelece os altos de adoração falsa,
erige altares para Baal, constrói um poste sagrado assim como Acabe fez,
e transforma a casa de Deus num lugar de idolatria. Deus prediz que
trará calamidade a Jerusalém assim como fez a Samaria, ‘esfregando-a e
emborcando-a’. Manassés também derrama sangue inocente “em quantidade
muito grande”. (21:13, 16) É sucedido por seu filho Amom, que continua a
fazer o que é mau durante dois anos, até ser morto por assassinos.
O povo constitui então a Josias, filho de Amom, como rei. Durante seu
reinado de 31 anos, reverte por pouco tempo o avanço de Judá rumo à
destruição, por “andar em todo o caminho de Davi, seu antepassado”.
(22:2) Começa a fazer reparos na casa de Deus, e ali o sumo sacerdote
encontra o livro da Lei. Este confirma que a destruição sobrevirá à
nação por sua desobediência a Deus, mas Josias é assegurado de que, por
sua fidelidade, esta não ocorrerá nos seus dias. Purifica a casa de Deus
e o país inteiro da adoração de demônios e estende sua atividade de
despedaçar ídolos até Betel, onde destrói o altar de Jeroboão, em
cumprimento da profecia de 1 Reis 13:1, 2. Institui outra vez a Páscoa
do Senhor Deus. “Antes dele não se mostrou haver nenhum rei igual a ele
que voltasse a Deus de todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de
toda a sua força vital, segundo toda a lei de Moisés.” (23:25) Não
obstante, a ira de Deus ainda continua por causa das ofensas de Manassés.
Josias morre num confronto com o rei do Egito, em Megido.
Jeoacaz, Jeoiaquim e Joaquim, reis de Judá (23:31-24:17). Depois
de reinar por três meses, Jeoacaz, filho de Josias, é levado cativo pelo
rei do Egito, e seu irmão Eliaquim, cujo nome é mudado para Jeoiaquim, é
colocado no trono. Este segue o proceder errado de seus antepassados e
se torna vassalo de Nabucodonosor, rei de Babilônia, mas se rebela
contra ele três anos depois. Com a morte de Jeoiaquim, seu filho Joaquim
começa a reinar. Nabucodonosor sitia Jerusalém, captura-a, e leva os
tesouros da casa de Deus para Babilônia, “assim como Deus falara” por
intermédio de Isaías. (24:13; 20:17) Joaquim e milhares de seus súditos
são levados ao exílio em Babilônia.
Zedequias, o último rei de Judá (24:18-25:30). Nabucodonosor faz
do tio de Joaquim, Matanias, rei, e muda-lhe o nome para Zedequias. Este
reina 11 anos em Jerusalém e continua a fazer o que é mau aos olhos de
Deus. Rebela-se contra Babilônia, de modo que no nono ano de Zedequias,
Nabucodonosor e seu inteiro exército sobem e constroem um muro de sítio
em toda a volta de Jerusalém. Após 18 meses, a cidade é assolada pela
fome. Abrem-se então brechas nos muros, e Zedequias é capturado ao
tentar fugir. Seus filhos são mortos diante dele, e ele é cegado. No mês
seguinte, todas as principais casas da cidade, incluindo a casa de Deus
e a do rei, são incendiadas e os muros da cidade são demolidos. A
maioria dos sobreviventes é levada cativa a Babilônia. Gedalias é
nomeado governador sobre os poucos humildes que restam na zona rural de
Judá. Todavia, ele é assassinado, e o povo foge para o Egito. Assim, o
país fica totalmente desolado. As palavras finais de Segundo Reis falam
do favor que o rei de Babilônia mostra a Joaquim no 37.° ano de seu
cativeiro.
PROVEITO PARA OS NOSSOS DIAS:
Embora abranja o declínio fatal dos reinos de Israel e Judá, Segundo
Reis reluz com muitos exemplos da bênção de Deus sobre os que
demonstraram amor a ele e aos seus justos princípios. A sunamita,
semelhante à viúva de Sarefá antes dela, foi muito abençoada pela
hospitalidade que demonstrou para com o profeta de Deus. (4:8-17, 32-37)
A capacidade de Deus, de sempre prover do necessário, foi demonstrada
quando Eliseu alimentou cem homens com 20 pães, assim como Jesus havia
de realizar mais tarde milagres similares. (2 Reis 4:42-44; Mat.
14:16-21; Mar. 8:1-9) Note como Jonadabe recebeu uma bênção ao ser
convidado a ir junto no carro de Jeú, para ver a destruição dos
adoradores de Baal. E por quê? Porque tomou ação positiva em sair para
saudar o zeloso Jeú. (2 Reis 10:15, 16) Finalmente, há os exemplos
esplêndidos de Ezequias e Josias, em sua humildade e devido respeito
pelo nome e pela Lei de Deus. (19:14-19; 22:11-13) Estes são exemplos
esplêndidos para seguirmos.
Deus não tolera o desrespeito a seus servos oficiais. Quando os
delinqüentes zombaram de Eliseu, como profeta de Deus, este trouxe
velozmente retribuição. (2:23, 24) Ademais, Deus respeita o sangue dos
inocentes. Seu julgamento pesou muito na casa de Acabe, não só por causa
da adoração de Baal, mas também por causa do derramamento de sangue que
a acompanhava. Assim, Jeú foi ungido para vingar “o sangue de todos os
servos de Deus da mão de Jezabel”. Quando o julgamento foi executado
contra Jeorão, Jeú lembrou-se da pronúncia de Deus de que foi por causa
do ‘sangue de Nabote e do sangue de seus filhos’. (9:7, 26) Da mesma
forma, foi a culpa de sangue de Manassés que finalmente selou o destino
funesto de Judá. Manassés, em adição ao pecado da adoração falsa,
‘encheu Jerusalém de sangue de ponta a ponta’. Embora Manassés se
arrependesse mais tarde de seu proceder mau, a culpa de sangue
permaneceu. (2 Crô. 33:12, 13) Nem mesmo o bom reinado de Josias, e
exterminar ele toda a idolatria, puderam retirar a culpa de sangue
comunal, remanescente do reinado de Manassés. Anos depois, quando passou
a trazer seus executores contra Jerusalém, Deus declarou que foi por
Manassés ter ‘enchido Jerusalém de sangue inocente, e Deus não consentiu
em dar perdão’. (2 Reis 21:16; 24:4) De modo similar, Jesus declarou que
a Jerusalém do primeiro século a.C. tinha de perecer porque seus
sacerdotes eram filhos daqueles que derramaram o sangue dos profetas,
‘para que viesse sobre eles todo o sangue justo derramado na terra’.
(Mat. 23:29-36) Deus adverte o mundo de que vingará o sangue inocente
que tem sido derramado, especialmente o sangue ‘dos que foram mortos por
causa da palavra de Deus’. Ap. 6:9, 10.
A certeza infalível com que Deus cumpre seus julgamentos proféticos
também é demonstrada em Segundo Reis. Três destacados profetas nos
são trazidos à atenção: Elias, Eliseu e Isaías. As profecias de cada um
tiveram notável cumprimento, segundo se mostra. (2 Reis 9:36, 37; 10:10,
17; 3:14, 18, 24; 13:18, 19, 25; 19:20, 32-36; 20:16, 17; 24:13) Elias é
também comprovado como profeta verdadeiro, em virtude de aparecer junto
com o profeta Moisés e Jesus Cristo, na transfiguração no monte. (Mat.
17:1-5) Referindo-se à magnificência dessa ocasião, Pedro disse: “Por
conseguinte, temos a palavra profética tanto mais assegurada; e fazeis
bem em prestar atenção a ela como a uma lâmpada em lugar escuro, até que
amanheça o dia e se levante a estrela da alva, em vossos corações.” 2
Ped. 1:19.
Os eventos registrados em Segundo Reis revelam claramente que o
julgamento de Deus contra todos os que praticam a religião falsa e todos
os que deliberadamente derramam sangue inocente é a exterminação.
Contudo, Deus mostrou favor e misericórdia a seu povo “por causa do seu
pacto com Abraão, Isaque e Jacó”. (2 Reis 13:23) Preservou-os “por causa
de Davi, seu servo”. (8:19) Demonstrará misericórdia similar para com os
que hoje se voltarem para ele. À medida que recapitulamos o registro e
as promessas da Bíblia, com que confiança, cada vez mais profunda,
aguardamos o Reino do “filho de Davi”, Jesus Cristo, a Semente
prometida, em que não haverá mais derramamento de sangue nem
perversidade! Mat. 1:1; Isa. 2:4; Sal. 145:20.