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NÚCLEO DE APOIO CRISTÃO

 

Esboços da Bíblia

Livro de 2 Crônicas

 
 

2 Crônicas (2 Cr)
 

Escritor: Esdras (?)
Lugar da Escrita: Jerusalém (?)
Escrita Completada: c. 460 a.C.

Visto que Primeiro e Segundo Crônicas evidentemente eram originalmente um só livro, os argumentos apresentados no capítulo anterior, quanto ao fundo histórico, ao escritor, ao tempo da escrita, à canonicidade e à autenticidade, aplicam-se a ambos os livros. Segundo a evidência apresentada, Esdras completou Segundo Crônicas por volta de 460 a.C., provavelmente em Jerusalém. O objetivo de Esdras era preservar matérias históricas que corriam o perigo de ficar perdidas. A ajuda do Espírito Santo, conjugada com sua capacidade qual historiador de colher e selecionar pormenores, habilitou Esdras a produzir um registro exato e permanente. Preservou para o futuro aquilo que considerou ser fato histórico. O trabalho de Esdras foi muitíssimo oportuno, visto que era então necessário compilar também o conjunto inteiro dos escritos sagrados hebraicos que haviam sido registrados através dos séculos.

Os judeus dos dias de Esdras tiraram grande proveito da crônica inspirada de Esdras. Foi escrita para a instrução deles e para incentivar a perseverança. Mediante o consolo das Escrituras, podiam ter esperança. Eles aceitaram o livro de Crônicas como parte do cânon da Bíblia. Sabiam que era fidedigno. Podiam conferi-lo com outros escritos inspirados e com numerosas histórias seculares citadas por Esdras. Embora permitissem que as histórias seculares não-inspiradas desaparecessem, preservaram cuidadosamente Crônicas. Os tradutores da Septuaginta incluíram Crônicas como parte da Bíblia hebraica.

Jesus Cristo e os escritores das Escrituras Gregas Cristãs aceitaram-no como autêntico e inspirado. Jesus, sem dúvida, tinha em mente incidentes tais como o registrado em 2 Crônicas 24:21, quando denunciou Jerusalém como matadora e apedrejadora dos profetas e dos servos de Deus. (Mat. 23:35; 5:12; 2 Crô. 36:16) Quando Tiago mencionou Abraão como “amigo de Deus”, talvez se referisse à expressão de Esdras em 2 Crônicas 20:7. (Tia. 2:23) O livro contém também profecias que se cumpriram infalivelmente. 2 Crô. 20:17, 24; 21:14-19; 34:23-28; 36:17-20.

A arqueologia também testifica a autenticidade de Segundo Crônicas. Escavações no local da antiga Babilônia desenterraram tabuinhas de argila, datadas do período do reinado de Nabucodonosor, uma das quais cita o nome “Yaukin, rei da terra de Yahud,” isto é, “Joaquim, o rei da terra de Judá”. Isto se harmoniza bem com o registro da Bíblia sobre Joaquim ser levado cativo a Babilônia no sétimo ano do reinado de Nabucodonosor.

O registro de Segundo Crônicas narra eventos em Judá desde o reinado de Salomão, até o decreto de Ciro para a reconstrução da casa de Deus em Jerusalém. Nesta história de 500 anos, o reino das dez tribos é mencionado somente quando fica envolvido nos assuntos de Judá, e a destruição daquele reino setentrional não é nem mesmo mencionada. Por que se dá isso? Porque o sacerdote Esdras se preocupava primariamente com a adoração de Deus em seu lugar legítimo, Sua casa em Jerusalém, e com o reino da linhagem de Davi, com quem Deus havia feito Seu pacto. Assim, é no reino meridional que Esdras concentra sua atenção, em apoio à verdadeira adoração e na expectativa do governante que viria de Judá. Gên. 49:10.
Esdras adota um ponto de vista edificante. Dentre os 36 capítulos de Segundo Crônicas, os primeiros 9 são devotados ao reinado de Salomão, e 6 destes inteiramente à preparação e dedicação da casa de Deus. O registro omite a menção do desvio de Salomão. Dos 27 capítulos restantes, 14 tratam dos cinco reis que basicamente seguiram o exemplo de Davi, de devoção exclusiva à adoração de Deus: Asa, Jeosafá, Jotão, Ezequias e Josias. Mesmo nos demais 13 capítulos, Esdras cuida de destacar os pontos bons dos reis maus. Sempre frisa eventos relacionados com a restauração e a preservação da adoração verdadeira. Quão estimulante isto é!

CONTEÚDO DE SEGUNDO CRÔNICAS

A glória do reinado de Salomão (2 Crônicas 1:1-9:31). No início de Segundo Crônicas, vemos Salomão, filho de Davi, crescer em força no reinado. Deus está com ele e continua ‘a fazê-lo extraordinariamente grande’. Quando Salomão oferece sacrifícios em Gibeão, Deus lhe aparece à noite, dizendo: “Pede! Que te devo dar?” Salomão pede conhecimento e sabedoria para governar o povo de Deus de modo correto. Por causa deste pedido altruísta, Deus promete dar a Salomão, não só sabedoria e conhecimento, mas também riquezas, bens e honra “tais como nenhum rei anterior a ti veio a ter, e tais como nenhum depois de ti virá a ter”. Tão grande é a riqueza que flui para a cidade que, com o tempo, Salomão faz que “a prata e o ouro em Jerusalém [se tornem] iguais às pedras”. 1:1, 7, 12, 15.

Salomão recruta trabalhadores para a construção da casa de Deus, e o Rei Hirão de Tiro coopera enviando madeira e um artífice talentoso. ‘No quarto ano do reinado de Salomão’, começa a construção, e esta é completada sete anos e meio mais tarde. (3:2) Na frente do próprio templo há um grande pórtico que se eleva a 120 côvados (53,4 m) de altura. Há, diante do pórtico, duas imensas colunas de cobre, uma chamada Jaquim, que significa “Que Deus Estabeleça Firmemente”, e a outra chamada Boaz, que pelo visto significa “Em Força”. (3:17) A casa em si é relativamente pequena, tendo 60 côvados (26,7 m) de comprimento, 30 côvados (13,4 m) de altura, e 20 côvados (8,9 m) de largura, mas as paredes e o teto são revestidos de ouro; o compartimento mais recôndito, o Santíssimo, é elaboradamente decorado com ouro. Este contém também os dois querubins de ouro, um em cada lado do recinto, cujas asas estendidas se tocam no centro.
No pátio interno, há um enorme altar quadrado de cobre, de 20 côvados (9 m) de cada lado e 10 côvados (4,5 m) de altura. Outro objeto impressionante no pátio é o mar de fundição, imensa bacia de cobre apoiada nas costas de doze touros de cobre posicionados de forma divergente, três em cada direção. Este mar tem capacidade para “três mil batos” (66.000 l) de água, que é usada pelos sacerdotes para se lavarem. (4:5) Há também no pátio dez pequenas bacias de cobre apoiadas sobre carrocins de cobre ornamentados, e nesta água são enxaguadas as coisas relacionadas com as ofertas queimadas. São enchidas com a água do mar de fundição e conduzidas para onde quer que haja necessidade. Além disso, há os dez candelabros de ouro e muitos outros utensílios, alguns de ouro e alguns de cobre, para a adoração no templo.

Finalmente, depois de sete anos e meio de trabalho, a casa de Deus é completada. (1 Reis 6:1, 38) O dia de sua inauguração é ocasião para se colocar o símbolo da presença de Deus dentro do recinto mais recôndito desse magnífico edifício. Os sacerdotes levam “a arca do pacto de Deus para dentro, ao seu lugar, ao compartimento mais recôndito da casa, ao Santíssimo, debaixo das asas dos querubins”. O que acontece então? À medida que os cantores e músicos levitas louvam e agradecem a Deus em cântico unido, a casa se enche de uma nuvem, e os sacerdotes não agüentam ficar ali para ministrar, porque “a glória do Senhor” enche a casa do verdadeiro Deus. (2 Crô. 5:7, 13, 14) Assim, Deus mostra a sua aprovação do templo e indica sua presença ali.
Construiu-se uma tribuna de cobre, de três côvados (1,3 m) de altura para a ocasião, e esta é colocada no pátio interno, perto do enorme altar de cobre. Nessa posição elevada, Salomão pode ser visto pelas vastas multidões que estão reunidas para a dedicação do templo. Após a manifestação milagrosa da presença de Deus, mediante a nuvem de glória, Salomão se ajoelha diante da multidão e faz uma comovente oração de agradecimento e louvor, que inclui uma série de humildes petições de perdão e bênção. Em conclusão, roga: “Agora, ó meu Deus, por favor, mostrem-se os teus olhos abertos e os teus ouvidos atentos à oração concernente a este lugar. Ó Senhor Deus, não faças recuar a face do teu ungido. Lembra-te deveras das benevolências para com Davi, teu servo.” 6:40, 42.

Será que Deus ouve esta oração de Salomão? Assim que Salomão termina de orar, desce fogo dos céus e consome a oferta queimada e os sacrifícios, e “a própria glória de Deus” enche a casa. Isto impele todo o povo a se prostrar e agradecer a Deus, “porque ele é bom, pois a sua benevolência é por tempo indefinido.” (7:1, 3) Faz-se, então, enorme sacrifício a Deus. A festa de dedicação que dura uma semana é seguida pela Festividade do Recolhimento de uma semana de duração e de um sábado de abstinência de trabalho. Após esta celebração feliz e espiritualmente fortalecedora de 15 dias, Salomão dispensa o povo para seus lares, alegres e sentindo-se bem de coração. (7:10) Deus também está satisfeito. Confirma novamente a Salomão o pacto do Reino, advertindo ao mesmo tempo sobre as conseqüências funestas da desobediência.
Salomão executa agora extensivos trabalhos de construção em todo o seu domínio, edificando não só um palácio para si mesmo, mas também cidades fortificadas, cidades-armazéns, cidades para os carros e cidades para os cavaleiros, e tudo quanto deseja construir. É um período de gloriosa prosperidade e paz, porque tanto o rei como o povo estão cientes da adoração de Deus. Até mesmo a rainha de Sabá, de uma distância de mais de 1.900 quilômetros, ouve falar da prosperidade e da sabedoria de Salomão, e empreende a longa e penosa viagem para ver com seus próprios olhos. Fica ela decepcionada? De modo algum, pois confessa: “Eu não tive fé nas suas palavras até que vim ver com os meus próprios olhos, e eis que não me foi contada nem a metade da abundância da tua sabedoria. Ultrapassaste as notícias que ouvi. Felizes são os teus homens e felizes são estes servos teus.” (9:6, 7) Não há outros reis na terra que superem a Salomão em riquezas e em sabedoria. Ele reina 40 anos em Jerusalém.

Os reinados de Roboão e Abias (10:1-13:22). O governo cruel e opressivo de Roboão, filho de Salomão, provoca a revolta das dez tribos do norte, sob Jeroboão. Entretanto, os sacerdotes e levitas de ambos os reinos tomam o partido de Roboão, colocando a lealdade ao pacto do Reino acima do nacionalismo. Roboão logo abandona a lei de Deus, e o Rei Sisaque, do Egito, invade, tomando de assalto a Jerusalém e saqueando os tesouros da casa de Deus. Quão triste é que, mal se haviam passado 30 anos desde sua construção, estes belamente decorados edifícios são despidos de sua glória! O motivo: a nação se tem “comportado de modo infiel para com Deus”. Bem a tempo, Roboão se humilha, de modo que Deus não traz a completa ruína sobre a nação. 12:2.
Quando Roboão morre, um de seus 28 filhos, Abias, torna-se rei. O reinado de três anos de Abias é marcado por guerra sangrenta com Israel, no norte. Judá é menos numeroso, havendo dois contra um, 400.000 soldados contra os 800.000 de Jeroboão. Nas tremendas batalhas que se seguem, os guerreiros de Israel são reduzidos a menos da metade, e meio milhão de adoradores de bezerro são destruídos. Os filhos de Judá se revelam superiores porque se estribam “em Deus, o Senhor de seus antepassados”. 13:18.

O Rei Asa, temente a Deus (14:1-16:14). Abias é sucedido por seu filho Asa. Asa é paladino da adoração verdadeira. Faz campanha para purificar o país da adoração de imagens. Mas, eis que Judá é ameaçado por uma força militar sobrepujante de um milhão de etíopes. Asa ora: “Ajuda-nos, ó Senhor, nosso Deus, porque em ti nos estribamos e em teu nome viemos contra esta massa de gente.” Deus responde dando-lhe uma vitória esmagadora. 14:11.
O Espírito de Deus vem sobre Azarias para dizer a Asa: “Deus está convosco enquanto mostrardes estar com Êle; e se o buscardes, deixar-se-á achar por vós.” (15:2) Grandemente encorajado, Asa reforma a adoração em Judá, e o povo faz um pacto de que todo aquele que não buscar a Deus deverá ser morto. Todavia, quando Baasa, rei de Israel, levanta barreiras para impedir a afluência de israelitas a Judá, Asa comete um grave erro ao contratar Ben-Hadade, rei da Síria, para lutar contra Israel, em vez de buscar a ajuda de Deus. Por esse motivo Deus o repreende. Apesar disso, o coração de Asa se mostra “pleno em todos os seus dias”. (15:17) Morre no 41° ano de seu reinado.

O bom reinado de Jeosafá (17:1-20:37). Jeosafá, filho de Asa, continua a combater a adoração de imagens e inaugura uma campanha educativa especial, os instrutores viajando por todas as cidades de Judá, ensinando o povo no livro da Lei de Deus. Segue-se um tempo de grande prosperidade e paz, e Jeosafá continua “a progredir e a tornar-se grande num grau superior”. (17:12) Mas, daí, faz aliança matrimonial com o iníquo Rei Acabe, de Israel, e desce para ajudá-lo a lutar contra o crescente poder da Síria, desconsiderando o profeta de Deus, Micaías, e escapando por um triz da morte quando Acabe é morto na batalha de Ramote-Gileade. Jeú, profeta de Deus, censura Jeosafá por unir forças com o iníquo Acabe. Depois disso, Jeosafá nomeia juízes em todo o país, instruindo-os a executar seus deveres no temor de Deus.

Chega então o clímax do reinado de Jeosafá. As forças combinadas de Moabe, Amom, e da região montanhosa de Seir avançam contra Judá com poderio sobrepujante. Avançam em grande número através do ermo de En-Gedi. O temor se apodera da nação. Jeosafá e todo o Judá, com “seus pequeninos, suas esposas e seus filhos”, estão de pé perante Deus e o buscam em oração. O Espírito de Deus vem sobre Jaaziel, o levita, que clama às multidões reunidas: “Prestai atenção, todo o Judá e vós habitantes de Jerusalém, e Rei Jeosafá! Assim disse Deus: ‘Não tenhais medo nem fiqueis aterrorizados por causa desta grande massa de gente; pois a batalha não é vossa, mas de Deus. Descei amanhã contra eles. . . . Deus será convosco.’” Levantando de manhã cedo, Judá marcha, tendo os cantores levitas na liderança. Jeosafá os encoraja: “Tende fé em Deus . . . Tende fé nos seus profetas e mostrai-vos assim bem sucedidos.” Os cantores louvam alegremente a Deus, “pois a sua benevolência é por tempo indefinido”. (20:13, 15-17, 20, 21) Deus manifesta sua benevolência de modo maravilhoso, armando uma emboscada contra os exércitos invasores, de modo que se aniquilam mutuamente. Chegando à atalaia do ermo, os exultantes habitantes de Judá só encontram cadáveres. Deveras, a batalha é de Deus! Até o fim do seu reinado de 25 anos, Jeosafá continua a andar fielmente diante do Senhor.

Os reinados maus de Jeorão, Acazias e Atalia (21:1-23:21). Jeorão, filho de Jeosafá, começa mal por matar todos os seus irmãos. Entretanto, Deus o poupa por causa do Seu pacto com Davi. Edom começa a se revoltar. De algum lugar, Elias envia uma carta, avisando a Jeorão de que Deus desferirá grande golpe à sua casa e que ele terá uma morte horrível. (21:12-15) Fiel à profecia, os filisteus e os árabes invadem e saqueiam Jerusalém, e o rei morre duma repugnante doença intestinal, após um reinado de oito anos.
O único filho sobrevivente de Jeorão, Acazias (Jeoacaz), o sucede, mas é influenciado para o mal por sua mãe, Atalia, filha de Acabe e Jezabel. Seu reinado é interrompido após um ano pelo expurgo da casa de Acabe, feito por Jeú. Nesta altura, Atalia assassina seus netos e usurpa o trono. Entretanto, um dos filhos de Acazias sobrevive. É Jeoás, de um ano de idade, que é levado às escondidas para a casa de Deus por sua tia Jeosabeate. Atalia reina por seis anos, e daí o marido de Jeosabeate, o sumo sacerdote Jeoiada, toma corajosamente o jovem Jeoás e faz com que ele seja proclamado rei, como um dos “filhos de Davi”. Chegando à casa de Deus, Atalia rasga suas vestes e clama: “Conspiração! Conspiração!” Mas em vão. Jeoiada manda que ela seja expulsa do templo e seja morta. 23:3, 13-15.

Os reinados de Jeoás, Amazias e Uzias começam bem, mas terminam mal (24:1-26:23). Jeoás reina por 40 anos, e enquanto Jeoiada vive para exercer boa influência, ele faz o que é correto. Até se interessa pela casa de Deus e manda reformá-la. Quando Jeoiada morre, porém, Jeoás é influenciado pelos príncipes de Judá a desviar-se da adoração de Deus para servir aos postes sagrados e aos ídolos. Quando o Espírito de Deus impele Zacarias, filho de Jeoiada, a repreender o rei, Jeoás manda que o profeta seja apedrejado até morrer. Logo depois, pequena força militar dos sírios invade, e o exército muito maior de Judá é incapaz de fazê-la retroceder, porque ‘abandonaram ao Senhor, o Deus de seus antepassados’. (24:24) Então, os próprios servos de Jeoás se insurgem e o assassinam.

Amazias sucede a seu pai Jeoás. Começa bem seu reinado de 29 anos, mas, mais tarde decai do favor de Deus por estabelecer e adorar os ídolos dos edomitas. “Deus resolveu arruinar-te”, adverte-lhe o profeta de Deus. (25:16) Entretanto, Amazias se torna jactancioso e desafia Israel, ao norte. Fiel à palavra de Deus, ele sofre humilhante derrota às mãos dos israelitas. Após tal derrota, conspiradores se insurgem e o matam.
Uzias, filho de Amazias, segue as pisadas do pai. Reina bem na maior parte dos 52 anos, granjeando fama como gênio militar, como construtor de torres, e como “amante da agricultura”. (26:10) Equipa e mecaniza o exército. Contudo, sua força se torna sua fraqueza. Torna-se altivo e atreve-se a assumir o dever sacerdotal de oferecer incenso no templo de Deus. Por causa disso, Deus o fere com lepra. Em resultado disso, tem de viver isolado, longe da casa de Deus e também longe da casa do rei, onde seu filho Jotão julga o povo em seu lugar.

Jotão serve a Deus (27:1-9). Dessemelhante de seu pai, Jotão não ‘invade o templo de Deus’. Em vez disso, ‘continua fazendo o que é direito aos olhos de Deus’. (27:2) Durante seu reinado de 16 anos, realiza muitas construções e tem êxito em derrotar uma revolta dos amonitas.

O perverso Rei Acaz (28:1-27). Acaz, filho de Jotão, revela-se um dos mais perversos dos 21 reis de Judá. Vai ao extremo de oferecer seus próprios filhos como sacrifícios queimados a deuses pagãos. Conseqüentemente, Deus o abandona, por sua vez, aos exércitos da Síria, de Israel, de Edom e da Filístia. Assim, Deus humilha a Judá, porque Acaz ‘deixa aumentar o desenfreio em Judá, e age-se com grande infidelidade para com Deus’. (28:19) Indo de mal a pior, Acaz faz sacrifícios aos deuses da Síria porque os sírios se mostram superiores a ele na batalha. Fecha as portas da casa de Deus e substitui a adoração de Deus pela adoração de deuses pagãos. Nem um pouco prematuramente, o reinado de Acaz termina após 16 anos.

O fiel Rei Ezequias (29:1-32:33). Ezequias, filho de Acaz, reina 29 anos em Jerusalém. Seu primeiro ato é reabrir e reparar as portas da casa de Deus. Daí, reúne os sacerdotes e os levitas e lhes dá instruções no sentido de limparem e santificarem o templo para o serviço de Deus. Declara que deseja concluir um pacto com Deus para aplacar a Sua ira ardente. A adoração de Deus é retomada de modo grandioso.

Planeja-se uma extraordinária Páscoa, mas, visto não haver tempo para prepará-la no primeiro mês, aproveita-se a provisão da Lei, de modo que é celebrada no segundo mês do primeiro ano do reinado de Ezequias. (2 Crô. 30:2, 3; Núm. 9:10, 11) O rei convida, não só todo o Judá para comparecer, mas também a Israel, e, embora alguns em Efraim, Manassés e Zebulão zombem do convite, outros se humilham e vão a Jerusalém junto com todo o Judá. Após a Páscoa, realiza-se a Festividade dos Pães não Fermentados. Que jubilante festividade de sete dias! Foi, deveras, tão edificante, que toda a congregação estende a festividade por mais sete dias. Há “grande alegria em Jerusalém, pois desde os dias de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, não houve nada igual a isso em Jerusalém”. (2 Crô. 30:26) O povo espiritualmente restabelecido passa a empreender vigorosa campanha para acabar com a idolatria tanto em Judá como em Israel, ao passo que Ezequias, de sua parte, restabelece as contribuições materiais para os levitas e os serviços do templo.
Daí, Senaqueribe, rei da Assíria, invade Judá e ameaça Jerusalém. Ezequias toma coragem, repara as defesas da cidade, e desafia os escárnios do inimigo. Confiando inteiramente em Deus, persiste em orar por ajuda. Deus responde dramaticamente à sua oração de fé. Passa a “enviar um anjo e a eliminar todo homem poderoso, valente, e todo líder e chefe no acampamento do rei da Assíria”. (32:21) Senaqueribe volta para casa envergonhado. Nem mesmo os seus deuses podem ajudá-lo a salvar a dignidade, pois é morto mais tarde no altar deles, pelos próprios filhos. (2Reis 19:7) Deus prolonga milagrosamente a vida de Ezequias, e este chega a ter grandes riquezas e glória, todo o Judá honrando-o na sua morte.

Manassés e Amom reinam iniquamente (33:1-25). Manassés, filho de Ezequias, retrocede para o proceder iníquo de Acaz, seu avô, desfazendo todo o bem realizado durante o reinado de Ezequias. Reconstrói os altos, ergue os postes sagrados, e até sacrifica seus filhos a deuses falsos. Finalmente, Deus traz o rei da Assíria contra Judá, e Manassés é levado cativo a Babilônia. Ali se arrepende dos seus erros. Quando Deus mostra misericórdia, restituindo-o à realeza, ele se esforça a exterminar a adoração demoníaca e a restabelecer a religião verdadeira. Todavia, quando Manassés morre após um longo reinado de 55 anos, seu filho Amom ascende ao trono e defende outra vez, iniquamente, a adoração falsa. Depois de dois anos, seus próprios servos o matam.

O reinado corajoso de Josias (34:1-35:27). O jovem Josias, filho de Amom, faz uma corajosa tentativa de restabelecer a adoração verdadeira. Providencia que os altares dos Baalins e as imagens entalhadas sejam demolidos, e conserta a casa de Deus, onde “o livro da lei de Deus, pela mão de Moisés”, sem dúvida o original, é encontrado. (34:14) Não obstante, o justo Josias é informado de que a calamidade sobrevirá ao país por causa da infidelidade já ocorrida, mas não nos seus dias. No 18° ano do seu reinado, ele programa notável celebração da Páscoa. Após um reinado de 31 anos, Josias morre numa inútil tentativa de impedir que as hostes egípcias passem pelo país a caminho do Eufrates.

Jeoacaz, Jeoiaquim, Joaquim, Zedequias e a desolação de Jerusalém (36:1-23). A perversidade dos últimos quatro reis de Judá leva rapidamente a nação ao seu desastroso fim. Jeoacaz, filho de Josias, governa apenas três meses, sendo removido pelo Faraó Neco, do Egito. É substituído por seu irmão Eliaquim, cujo nome é mudado para Jeoiaquim, em cujo reinado Judá é subjugado pela nova potência mundial, Babilônia. (2 Reis 24:1) Quando Jeoiaquim se rebela, Nabucodonosor sobe a Jerusalém para puni-lo, mas Jeoiaquim morre, depois de reinar 11 anos. É substituído por seu filho Joaquim, de 18 anos. Após reinar por pouco mais de três meses, Joaquim se rende a Nabucodonosor e é levado cativo a Babilônia. Nabucodonosor coloca então no trono um terceiro filho de Josias, Zedequias, tio de Joaquim. Zedequias reina pessimamente por 11 anos, recusando ‘humilhar-se por causa de Jeremias, o profeta, às ordens de Deus’. (2 Crô. 36:12) Havendo infidelidade em grande escala, tanto os sacerdotes como o povo profanam a casa de Deus.
Finalmente, Zedequias se rebela contra o jugo de Babilônia, e desta vez Nabucodonosor não mostra misericórdia. A ira de Deus é completa, e não há cura. Jerusalém cai, seu templo é saqueado e incendiado, e os sobreviventes do sítio de 18 meses são levados cativos para Babilônia. Judá fica desolado. Assim, nesse mesmo ano, começa a desolação “para se cumprir a palavra de Deus pela boca de Jeremias . . . para cumprir setenta anos”. (36:21) O cronista passa então por alto esta lacuna de cerca de 70 anos, para registrar, nos últimos dois versículos, o decreto histórico de Ciro. Os judeus cativos hão de ser libertados! Jerusalém precisa erguer-se outra vez!

PROVEITO PARA OS NOSSOS DIAS.

2 Crônicas, fornece valiosas informações suplementares que não se encontram nas outras histórias canônicas, como por exemplo nos capítulos 19, 20 e ; 2 Crô. 29 a 31. A matéria selecionada por Esdras frisou os elementos fundamentais e permanentes da história daquela nação, tais como o sacerdócio e seu serviço, o templo e o pacto do Reino. Isto foi proveitoso para manter a nação coesa na esperança do Messias e do seu Reino.
Os versículos finais de Segundo Crônicas (36:17-23) fornecem prova conclusiva do cumprimento de Jeremias 25:12.
Segundo Crônicas contém admoestações poderosas para os que andam na fé cristã. Tantos dos reis de Judá começaram bem, mas depois mergulharam num mau caminho. Quão vigorosamente este registro histórico ilustra que o êxito depende da fidelidade a Deus! Portanto, devemos dar-nos por avisados para não sermos “dos que retrocedem para a destruição, mas dos que têm fé para preservar viva a alma”. (Heb. 10:39) Até mesmo o fiel Rei Ezequias tornou-se altivo ao se restabelecer de sua enfermidade, e foi só porque se humilhou logo que pôde evitar a indignação de Deus. Segundo Crônicas magnifica as maravilhosas qualidades de Deus e exalta Seu nome e Sua soberania. A história toda é apresentada do ponto de vista da devoção exclusiva a Deus. Ao dar ênfase também à linhagem real de Judá, fortalece nossa expectativa de ver a adoração pura ser exaltada sob o Reino eterno de Jesus Cristo, “filho de Davi”. Mat. 1:1; Atos 15:16, 17.

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