Os
Gigantes
Poucos lugares no mundo
apreciam a beleza e a
variedade da África. Das
majestosas Cataratas de
Vitória ao escaldante
Deserto do Saara, a África é
um rico paraíso natural. O
continente é vasto,
estendendo-se por 7.000 km
desde a Cidade do Cabo até o
Cairo e também de Dakar até
a Somália, e ainda contém
22% da extensão territorial
do mundo. Perto de 900
milhões de pessoas vivem
aqui, um mosaico cheio de
vida montado com 3.800
grupos étnicos, em que se
falam 2.000 línguas, as
quais representam 30% das
línguas do mundo. Mas, nem
tudo está bem no paraíso e a
África hoje é um continente
de extremos. Uma adoração
avivada, sacrificial e
santificada é expressa no
meio da mais profunda
pobreza. Uma hospitalidade
maravilhosa é oferecida em
nações com uma corrupção
endêmica. Há desafios
gigantescos que o Continente
enfrenta, bem como, um lindo
fruto.
Por vários anos, os líderes
de Jocum na África têm
trazido uma mensagem para a
JOCUM África. Deus tem
desafiado a Missão para
enfrentar os gigantes dessa
terra. Essa metáfora bíblica
tem sido interpretada de
duas formas. Primeiro, a
Igreja Africana tem sido
comparada a Davi lutando
contra Golias (I Sm. 17).
Davi estava equipado com
muito pouco, mas achou
coragem em Deus para
enfrentar seu gigante: nesse
sentido, nós devemos fazer o
mesmo. Em segundo lugar, a
Igreja africana tem sido
comparada aos espias
israelitas que estavam a
ponto de atravessar para a
terra prometida (Nm. 13 e
14). A maioria deles estava
espantada por conta dos
gigantes na terra e, por
isso, espalhou o medo entre
o povo. O resultado disso
foi que todos perderam sua
herança, sendo que, só dois
espias viram o fruto da
terra e tiveram fé para
vencer os gigantes.
Com os olhos da fé, nós
devemos ver o fruto que há
África – e muito dele está
no seu povo. Existe uma
dimensão de relacionamentos
que não é comparável em
nenhum outro lugar, como o
valor colocado na família e
o respeito pelo mais velhos
entre culturas afins. A
percepção de que o tempo não
é importante na cultura
Africana pode frustrar os
que vêm de fora orientados
pelo “fazer”, mas reflete a
crença de que o tempo existe
para promover
relacionamentos. Os povos da
África são tão
diversificados quanto as
paisagens naturais que
existem pelo Continente. Há
os pastores nômades, os
fazendeiros que vivem da
agricultura de subsistência,
os astros e estrelas do
Cinema, e ainda, os
professores universitários.
A África também tem uma
grande diversidade de
recursos e grandes
potenciais. Para aquele que
tem olhos para ver, esse
Continente continua vivo e
permanece com um forte senso
de esperança. O que a África
precisa é de servo
sacrificial, isto é, de
pessoas que cheguem tais
como Jesus, deixando seus
direitos de lado e
restaurando a dignidade de
outros.
Hoje, a Igreja é confrontada
com uma grande questão: essa
atual geração de cristãos
manterá seus olhos no fruto
enquanto se deparam com os
gigantes dessa terra? E, uma
vez reconhecidos, escolherão
esses cristãos um estilo de
vida e uma mensagem que
influencie o continente de
maneira santificada e capaz
de enfrentar e destruir
esses gigantes de uma vez
por todas? A mensagem do
Reino de Deus traz esperança
e boas notícias para a
África verdadeiramente?
Reconhecendo os Gigantes
Antes de desafiar um
gigante, nós devemos
reconhecer e conhecê-lo
enquanto nosso inimigo. É
sábio, porém, reconhecer a
realidade e o tamanho dos
problemas que a África
enfrenta hoje. Isso nem é
pessimismo e nem precisa
reduzir a nossa fé. No
entanto, caso a Igreja
Africana queira ver uma
transformação reformada no
Continente de verdade, nós
devemos reconhecer e
confrontar honestamente os
problemas complexos e
inter-relacionados que nos
afrontam.
Então, quais são alguns
exemplos desses gigantes?
Vejam só:
Pobreza
• 34 das 50 nações
menos desenvolvidas do mundo
estão na África.
• Em muitas nações, a
renda media per capita é
inferior a R$ 450 (US$ 200)
por ano.
• No Século XX, o
número de cristãos africanos
aumentou de 10 para 360
milhões. Durante o mesmo
período, o Continente tem se
tornado mais pobre em
relação aos outros,
revelando que o Cristianismo
não tem acabado com a
pobreza.
• As razões para
pobreza são inúmeras,
variando desde a história
colonial à corrupção
moderna, dívida nacional,
comércio internacional
desigual e má gestão de
recursos.
Doença
• 64% das pessoas
vivendo com AIDS no mundo
estão na África subsaariana.
• Das 2.5 milhões de
crianças soropositivas do
planeta, 90% moram na África
e existem 12 milhões de
órfãos da AIDS morando na
África subsaariana.
• 22 milhões de
pessoas na África
subsaariana vivem com AIDS,
o que somam 5% do total da
população. Em algumas
nações, esse número chega a
quase 20% da população.
• Graças a Deus, nas
nações onde os “coquetéis
anti-HIV” são altamente
disponíveis, a taxa de morte
pela AIDS tem diminuído
substancialmente.
• A malária mata mais
que a AIDS – cerca de 1
milhão de pessoas morre de
malária todos anos no mundo,
sendo que, 90% delas estão
na África.
Fome e Água Potável
• A fome é a forma
mais extrema de pobreza, na
qual as pessoas não dão
conta de bancar a própria
comida.
• A subnutrição é o
motivo de mais de 50% das
mortes de crianças na
África.
• 200 milhões de
africanos estão
constantemente subnutridos.
• A maior mortalidade
na África vem de doenças
evitáveis ligadas à água.
• A água potável é
algo raro na maioria da
nações africanas,
especialmente nas áreas
urbanas, que estão crescendo
rapidamente.
• Mais de 50% dos
africanos sofrem por conta
de doenças relacionadas à
água.
Mulheres e Crianças em
Situação de Risco
• Estima-se que, na
África, 10 milhões de
crianças vivem em situação
de rua.
• Na África
subsaariana, 04 em cada 10
crianças em idade escolar de
nível de Educação Infantil
não freqüentam a Escola.
• 01 em cada 06
crianças africanas morre
antes de completar 05 anos.
• Mulheres e crianças
sofrem as principais
conseqüências da pobreza.
• O abuso contra
mulheres é cruel e,
normalmente, fica impune. A
circuncisão ou mutilação
genital feminina é uma das
piores violações dos
Direitos Humanos das
mulheres. Mais de 02 milhões
de meninas por ano são
mutiladas genitalmente. Em
alguns países, 98% de
mulheres têm sido
circuncidadas.
Liderança e Governo
• Na África, houve
mais de 80 golpes militares
e 180 tentativas sem
sucesso.
• A corrupção nas
nações mais pobres pode
significar a diferença entre
a vida e a morte, enquanto
que o suborno é, muitas
vezes, necessário para
receber cuidados básicos de
saúde, ter acesso à Justiça
e à Educação.
• Em muitos países
africanos, as posições de
liderança foram exploradas
visando o ganho pessoal. A
repressão contra líderes de
oposição e jornalistas tem
impedido que haja um
compromisso com a prestação
de contas à Sociedade.
Violência e Guerra
• Pela misericórdia
de Deus, a África tem tido
poucas guerras
transnacionais. No entanto,
já aconteceram várias
Guerras Civis nas nações
africanas. Desde 1980, esses
conflitos resultaram em mais
de 09 milhões de refugiados
e desabrigaram pessoas em 28
nações africanas.
• Cada conflito
resultou em um grande número
de mortes de inocentes.
• Até 05 milhões de
pessoas morreram por causa
da Guerra Civil na República
Democrática do Congo na
última década – a maioria
delas, civis. Muitas nações
vizinhas tiveram incentivos
para manter essa Guerra
Civil, uma vez que recursos
naturais e alinhamentos
políticos estavam em jogo.
Povos Não-alcançados
• 27% dos 4.000 povos
menos alcançados do mundo
estão na África.
• Só no Sudão, há 73
tribos não-alcançadas e
ainda não adotadas por
agências missionárias.
• Mais de 800 línguas
africanas têm carências em
relação à tradução da
Bíblia.
Idolatria
• Na África
Ocidental, cerca de 16
milhões de pessoas praticam
o vodu, ou Vodun. Em muitas
nações africanas, grande
parte da população tem algum
envolvimento com práticas de
bruxaria e feitiçaria.
• Sistemas de crenças
histórico-tradicionais,
adoração ancestral e o uso
(ou medo) da bruxaria é
abundante em toda a África –
e, muitas vezes, continuam
mesmo com a conversão ao
cristianismo.
• O envolvimento com
a bruxaria é bem
diversificado, desde o uso
de poderes espirituais para
fazer o mal a outros, até o
uso desses para prever o
futuro ou tentar curar
pessoas.
Atacando os Gigantes
Quando Davi lutou contra
Golias, ele estava furioso
com as blasfêmias do
gigante, e zeloso para com a
honra de Deus. Na medida em
que orarmos pela situação
diabólica que afronta a
África de hoje, vamos fazer
isso tendo em nós o mesmo
sentimento de indignação,
sabendo que esses problemas
quebram o coração de Deus.
Durante nosso período de
oração, vamos nos colocar na
brecha pelos outros. Que nós
possamos também estar
abertos aos desafios de Deus
para nos envolvermos de
maneira prática.
Uma
Transformação Reformada se
faz necessária
Graças a Deus, pessoas
cristãs – e JOCUMeiros entre
elas – já estão envolvidas
em cada uma dessas áreas,
lutando para trazer mudança
e influência santificadas.
Apesar dos gigantes, existem
frutos encorajadores – e os
testemunhos que acompanham
esse estudo ilustram alguns
desses frutos. É justo que
onde vemos fome, nós os
alimentemos, e que onde
pessoas não têm acesso à
água potável, nós
providenciemos poços para
elas. Nós devemos continuar
a agir com compaixão.
Ultimamente, porém, esses
problemas não serão
resolvidos apenas com uma
resposta direta à
necessidade. Alimentar o
faminto não resolverá o
problema da Fome. Substituir
o Governo corrupto não irá
necessariamente trazer um
Governo justo.
Os gigantes que vemos hoje
são o resultado natural da
cosmovisão e dos modelos de
pensamento. O Antigo
Testamento ensina claramente
que, quando uma Sociedade é
construída conforme
princípios santificados,
haverá vida e bênçãos em
todas as áreas. Porém, na
medida em que as pessoas se
afastam dos princípios de
Deus para a vida, a
conseqüência natural será a
morte. Vivemos em um
universo naturalmente regido
pela lei da causa e efeito.
Quando a Sociedade não está
se movendo em direção a um
alinhamento maior com os
princípios bíblicos, os
resultados inevitáveis serão
trágicos. Nós colhemos
aquilo que plantamos.
Paulo nos ensinou que,
quando o povo se volta
contra Deus, fazendo coisas
que não devem ser feitas,
Deus os entrega a uma mente
depravada (Rm. 1:18-32). Na
medida em que o povo
rejeitar a Deus, seus
pensamentos se tornarão
ainda mais obscuros e
fechados. Cegas para a
verdade, as pessoas vivem
longe dos princípios de vida
santificados e, assim, a
Sociedade desmorona. A
solução para isso é o
arrependimento – uma
transformação consciente da
mente, indo para bem longe
da mentira e voltando para
bem perto da Verdade. Esse
retorno para uma cosmovisão
e mentalidade mais bíblicas,
e a aplicação de princípios
santificados em tudo na
vida, levará à vida e
conduzirá às bênçãos.
Hoje, estatisticamente
falando, a África é o
continente mais
Cristianizado da Terra.
No entanto, também é o mais
pobre. Os gigantes que
afrontam a África são
enormes e o paradoxo é duro
de ser vencido. O Continente
tem sido evangelizado, mas
não discipulado. Crentes têm
sido salvos, nas não têm
aplicado a verdade bíblica
em cada área da Sociedade.
Em muitas nações africanas,
a maioria pode ir à igreja,
mas, o exemplo de liderança
na Igreja e no Governo, não
representam Jesus, o Servo
de Deus, o Deus de Justiça.
A
África precisa de uma
Transformação Reformada
Boa parte da África
subsaariana tem sido
evangelizada, mas o
Continente não tem sido
transformado. O queniano
George Kinoti, escreveu: “Na
África Oriental, nós
falhamos em aplicar o
Evangelho na vida como um
todo, limitando-O somente à
parte espiritual. Nós lemos
as Escrituras seletivamente,
colocando ênfase naqueles
trechos que falavam de
salvação e menosprezando
aqueles que falavam de
Justiça, Paz e bem-estar
material. Nós africanos
precisamos consertar esses
erros… Procurar aplicar toda
a Palavra de Deus na vida
como um todo e desempenhar o
papel de trazer a paz e a
prosperidade para a África”.
Não é o suficiente para a
África ser apenas
evangelizada. Vamos orar e
trabalhar por um
despertamento em prol de uma
transformação reformada
dentro da Igreja. Isso
traria um reconhecimento
renovado dos desejos de Deus
para toda a vida e para a
Sociedade. Na medida em que
a África vai tendo sua
mentalidade transformada
radicalmente, as pessoas
cristãs terão influência no
processo de transformação da
Sociedade, trazendo novos
valores santificados e os
problemas gigantes da África
podem ser derrubados.
Isso pode levar muitas
gerações, mas é possível.
Não irá acontecer pela
imposição forçada “goela
abaixo” de um modelo
hierárquico estrangeiro,
mas, começará com cristãos
locais, com uma base de fé
profundamente enraizada na
Palavra de Deus, que estão
continuamente sendo
transformados de dentro para
fora e vivendo os princípios
bíblicos em todas as áreas
da vida. Na medida em que a
Verdade for aplicada em toda
as áreas da Sociedade, Essa
irá trazer liberdade, benção
e vida.
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