Hoje em dia, quase nem se
fala em chamado. É mais
comum pensar em termos de
carreira profissional. No
entanto, para muita gente, a
profissão se transforma em
altar, sobre o qual
sacrificam a vida. Benjamin
Hunnicutt é historiador da
Universidade de Iowa,
especializado em história do
trabalho. Ele observa que o
trabalho se tornou uma
religião, objeto de adoração
e dedicação de nosso tempo.
À medida que o compromisso
com a família, a comunidade
e a fé encolhem, as pessoas
começam a se voltar para o
trabalho, na esperança de
que este lhes proporcione
sentido, relacionamentos,
identidade e estima.
O chamado, que implica fazer
algo para Deus, é
substituído por uma carreira
profissional, a qual ameaça
assumir o papel de deus.
" A profissão eu escolho; o
chamado eu recebo."
Exerço uma profissão para
mim mesmo; o chamado é algo
que faço para Deus.
A profissão me promete
status, dinheiro ou poder;
em geral, o chamado promete
dificuldades e até certo
sofrimento - além da
oportunidade de ser usado
por Deus.
Profissão diz respeito à
mobilidade ascendente;
chamado costuma levar à
mobilidade descendente.
Logo que ingressei no
ministério pastoral, as
pessoas às vezes me
perguntavam quando eu havia
recebido " o chamado", como
se atuar na igreja exigisse
um chamado, ao passo que uma
ocupação no mercado de
trabalho apenas fizesse
parte de uma carreira
profissional. Mas não é
assim. Sei muito bem que é
possível transformar o
trabalho na igreja em uma
carreira profissional com
progressos e conquistas.
Também é possível fazer do
emprego secular um chamado,
quando realizado para servir
a Deus e aos outros.
A carreira profissional pode
acabar em aposentadoria e
uma porção de " brinquedos".
O chamado só termina quando
se morre. As recompensas da
carreira profissional podem
ser visíveis, mas
temporárias. A importância
de um chamado dura toda a
eternidade. A carreira
profissional pode ser
interrompida por uma série
de acontecimentos - mas não
o chamado. Quando Deus chama
alguém, ele o capacita a
cumprir seu chamado mesmo
sob as circunstâncias mais
adversas.
As Escrituras estão cheias
de pessoas escravizadas,
capturadas e exiladas,
lançadas na prisão. A
trajetória profissional
dessa gente não parecia
promissora. Mesmo assim,
cumpriram seu chamado de
maneira extraordinária.
O faraó tinha uma
carreira profissional -
Moisés, um chamado.
Potifar tinha uma carreira
profissional - José, um
chamado.
Hamã tinha uma carreira
profissional - Ester, um
chamado.
Acabe tinha uma carreira
profissional - Elias, um
chamado.
Pilatos tinha uma carreira
profissional - Jesus, um
chamado.
E não só as personagens
das Escrituras.
Charles Colson estava no
meio de uma das carreiras
profissionais de maior
notoriedade dos Estados
Unidos. Tinha acesso ao
poder, desfrutava enorme
influência. Até que foi
parar na prisão. Achou que
sua carreira chegara ao fim
- e, de certa forma, tinha
razão. Sua carreira
profissional terminara de
fato - mas seu chamado
estava apenas começando.
Seria chamado para servir a
homens na cadeia, como ele.
Para servir a uma nação
inteira com seus dons e sua
ruína.
Ele pondera: " Meu maior
fracasso foi o real legado
de minha vida - o fato de me
tornar um ex-condenado.
Minha maior humilhação -
passar pela cadeia - marcou
o momento em que Deus
começou a usar minha vida
grandemente; ele escolheu,
para sua glória, a
experiência da qual eu não
podia me gloriar ".
Às vezes, na providência de
Deus, o fim de uma carreira
é o começo de um chamado. E
você tem um chamado. Ninguém
é uma peça que não serve
para nada - você está em
missão divina. |