INTRODUÇÃO
Embora a
principal missão de Jesus aqui na terra tenha sido dar a vida pelos
pecadores, Sua vida terrena não limitou-se ao calvário. Ele dedicou
também grande parte do Seu ministério, ao ensino da Palavra de Deus. Por
esta razão, dentre os muitos títulos que Ele recebe nas Escrituras, tais
como: Senhor, Salvador, Profeta, Sumo Sacerdote, etc., o título de
Mestre era-Lhe tão comum. Aprenderemos nesta lição porque o Senhor Jesus
destacou-se nas Escrituras como o Grande Mestre.
I - O ENSINO NAS ESCRITURAS
Sempre pesou sobre o povo de Deus a responsabilidade de ensinar a
Palavra de Deus. Vejamos como se desenvolveu a instrução religiosa nos
tempos bíblicos:
1. Nos dias de Moisés: Examinando o
Pentateuco, vemos que no princípio, entre o povo de Deus, eram os
próprios pais os responsáveis pelo ensino da revelação divina no lar. O
lar, então, era de fato uma escola onde os filhos aprendiam a temer e
amar a Deus (Dt 6.5-9; 11.18,19).
2. Na época dos Reis e Sacerdotes:
Os sacerdotes eram mediadores entre Deus e o homem. Além do culto
divino, eles tinham o encargo do ensino da Lei (Dt 24.8; I Sm 12.23; II
Cr 15.3; Jr 18.18). Já os reis de Israel, quando piedosos e tementes à
Deus, tinham a preocupação com a leitura e o ensino da Palavra de Deus
para a nação (II Cr 17.7-9).
3. Durante o Cativeiro Babilônico:
Nessa época, os judeus no exílio, privados do seu grandioso templo em
Jerusalém, instituíram as sinagogas, que eram usadas como escola
bíblica, casa de cultos e escola pública.
4. No pós-cativeiro: Nos dias de
Esdras e Neemias, quando o povo retornou do cativeiro, houve um grande
avivamento espiritual, originado pela leitura e ensino das Escrituras,
como podemos observar nos capítulos 8 e 9 do livro de Neemias.
5. Durante o Ministério de Jesus:
Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da
palavra de Deus (Mt 4.23; 9.35; Lc 20.1). Esse mesmo ministério tríplice
foi ordenado e confiado à igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18).
6. Nos dias da Igreja: Após a
ascensão do Senhor, os apóstolos e discípulos continuaram a ensinar. A
igreja dos dias primitivos dava muita importância a esse ministério (At
5.41,42). Paulo e Barnabé, por exemplo, passaram um ano todo ensinando
na igreja de Antioquia (At 11.26). Em Éfeso, Paulo ficou três anos
ensinando (At 20.20,31) e em Corinto, ficou um ano e seis meses (At
18.11). Seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino da Palavra
de Deus (At 28.31).
II - JESUS, O MESTRE DOS MESTRES
Uma das maiores declarações acerca de Cristo foi feita por Nicodemos.
Ele disse a Jesus: “Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus;
porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com
ele” (Jo 3.2). Das 90 vezes que alguém se dirigiu à Cristo nos
Evangelhos, 60 vezes Ele é chamado de Mestre. Grande parte do ministério
de nosso Senhor Jesus foi ocupado com o ensino (Mt 4.23; 9.35; Lc 20.1).
Jesus ensinava: |
Ele foi reconhecido como Mestre: |
Nas sinagogas (Mt 9.35; 13.54; Mc 1.21);
Em casas particulares (Mt 9
No templo (Mt 21.23; Mc 11.17; 12.35);
Nas aldeias (Mc 6.6; Lc 13.22)
Nas cidades (Mt 11.1);
Às multidões (Mt 5.2; Mc 2.13; 4.1; 6.34)
Individualmente (Jo caps 3,4) |
Pelos coletores de impostos (Mt 17.24);
Por um escriba que queria segui-lo(Mt 8.19);
Pelo jovem rico (Mt 19.16; Lc 18.18);
Pelos discípulos (Mc 4.38; Mc 9.5; Lc 8.24);
Pelo cego de Jericó (Mc 10.51);
Pelos discípulos de João (Jo 1.38);
Por Maria Madalena (Jo 20.16), e outros. |
III - A AUTORIDADE DOS ENSINOS DE
JESUS
O que distinguia os ensinos de Jesus com os ensinos dos escribas e
fariseus era a autoridade com que Ele ensinava. Os evangelistas afirmam
que todos se maravilhavam de Sua doutrina (Mt 7.28,29; Mc 1.21,22). A
autoridade da mensagem de Cristo era decorrente do fato de Ele
exemplificar em sua própria vida. Ele viveu o que ensinou e ensinou o
que viveu! Quando Ele ensinou a orar (Mt 6.9-13; Lc 11.2-4), é porque
vivia uma vida de oração e comunhão com o Pai (Mt 14.23; 26.36); Quando
ensinou sobre o perdão (Mt 6.14,15; Mc 11.25), é porque vivenciava no
dia-a-dia a prática do perdão (Mc 2.1-11; Lc 23.34). Por esta razão,
Lucas, ao relatar a Teófilo o ministério do Mestre, coloca em primeiro
lugar a ação e depois o ensino, quando diz: “Fiz o primeiro tratado,
ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas a
ensinar” (At 1.1).
IV - OS MÉTODOS DE ENSINO DE CRISTO
Os métodos de ensino de Cristo variavam de acordo com a ocasião e a
necessidade dos ouvintes. No entanto, podemos observar que:
1. Ele ensinou utilizando a linguagem do povo:
Ele ensinou, principalmente, através de parábolas, utilizando a
linguagem do povo. Seus ensinos eram repletos de ilustrações e exemplos
do dia-a-dia, tais como: pesca, rede, peixe; árvore, fruto, solo,
semente, etc. Para descrever, por exemplo, o amor de Deus pelos
pecadores, ele falou sobre o pastor que saiu em busca de uma ovelha
desgarrada e de um pai que esperava ansioso, o retorno de um filho que
estava perdido (Lc 15.1-7, 11-24)
2. Ele ensinou alcançando o coração dos
ouvintes: Os ensinos de Jesus não alcançavam só o intelecto
dos ouvintes, mas, principalmente o coração. Eles eram ministrados no
poder do Espírito Santo, qual resplendor de luz a dissipar-lhes as
trevas das dúvidas, implantando no seu coração profunda convicção da
verdade. Um dos discípulos que o ouviram no caminho de Emaús, disse:
Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos
falava, e quando nos abria as Escrituras? (Lc 24.32)
CONCLUSÃO
Ninguém jamais ensinou como Jesus. Isto porque, as verdades mais
profundas eram reveladas com autoridade e simplicidade, de forma que
podia alcançar à todos. Seus ensinos eram universais, e serviam para
todos os homens e de todas as épocas; era capaz de despertar as
consciências adormecidas, conduzindo-as à realidade dos deveres para com
Deus. Ele foi capaz de resumir toda a Lei e as ordenanças do Antigo
Testamento em poucas palavras (Mt 22.37-40); ilustrou seus ensinos com
parábolas e fatos comuns; e ensinou com tanta autoridade, que até mesmo
àqueles que iam prendê-lo, chegaram a confessar: “Nunca homem algum
falou assim como este homem” (Jo 7.46).