ÉPOCA: ATUAL
PERSONAGENS:
PEDRO E
DOUGLAS
ATO ÚNICO
Cenário: Uma
ponte.
(Em cena
Douglas.
Próximo dele
há uma pedra
com uma
corda
amarrada.
Ele está
terminando
de amarrar a
corda da
pedra no seu
tornozelo –
preparando-se
para cometer
suicídio.
Pronto o nó,
Douglas
avança na
direção da
platéia,
como se ali
fosse o
término da
ponte.
Douglas
pára.
Demonstra
estar
observando o
rio correndo
lá em baixo.
Finge pegar
uma pedra
invisível no
chão e
lança-la
para o rio.
Faz mímica
de
acompanhar
todo o
trajeto da
pedra ).
Douglas:
Será que a
água está
gelada?
(Entra em
cena Pedro.
Ele traz
consigo uma
vara de
pescar. Faz
que
arremessa um
pouco de
ração.
Nenhum
personagem
percebe a
presença um
do outro).
(Douglas faz
mímica de
passar o
para-peito
da ponte.
Com todo
cuidado
segura sua
pedra. Ele
fecha os
olhos como
que para
tomar
coragem de
se lançar ao
rio).
(Pedro, do
outro lado
da ponte,
tenta
observar se
há sinal de
algum peixe.
Desapontado,
apanha seu
material de
pesca
voltando-se
para o outro
lado da
ponte
[platéia]).
Pedro:
(Percebendo
a presença
de Douglas)
Opa! Talvez
deste lado
tenha mais
peixe.
(Aproximando-se
de Douglas)
Hei, meu
amigo! Posso
te fazer
companhia?
Douglas:
(Resmungando)
Ah, meu
Deus! Será
que nem na
hora da
morte dá
para se ter
sossego.
Pedro: (Mais
interessado
pelo rio,
não percebe
o intento de
Douglas)
Muito peixe?
(Ainda
fitando o
rio, faz que
lança mais
um bocado de
ração) Ouvi
dizer que
aqui dá cada
tilápia!
Douglas:
(Exaltado)
Não enche!
Pedro:
(Observando
melhor
Douglas)
Hum! Seu
estilo me é
estranho! Eu
não conhecia
esta
modalidade
de pesca!
Douglas: Me
deixe só!
Não vê que
estou
querendo me
suicidar?
Pedro:
(Indiferente)
Ah, bom! Eu
atrapalho se
eu ficar
aqui?
Douglas:
Atrapalha!
Pedro: Quero
pegar uma
tilápia...
(Olhando
para o rio)
e para o
almoço
ainda. Sabe,
eu prometi
para minha
esposa!
Douglas: Vá
pra lá! Com
você aqui eu
não consigo
me
concentrar.
Pedro:
(Apanhando
suas coisas)
Tudo bem!
(Faz que vai
embora, mas
acaba
voltando)
Posso fazer
uma
pergunta?
Douglas:
Não!
Pedro: Por
que você
quer fazer
isso?
Douglas: Não
quero
conversa!
(Douglas
fecha os
olhos.
Prepara-se
para se
lançar ao
rio. Pedro
apenas
observa).
Douglas:
(Percebendo
que está
sendo
observado) O
que foi?
Será que vou
ter que
procurar um
viaduto?
Pedro:
Estive
pensando...
Douglas:
Guarde pra
você. Para o
lugar onde
estou indo
tua opinião
não adianta
nada.
Pedro:
(Ignorando a
fala de
Douglas) O
que leva uma
pessoa a
partir para
a eternidade
desta forma?
Douglas: Que
eternidade,
o que!
Pedro: Vida
após a
morte.
Douglas:
Mais
asneiras.
(Apronta-se
para o
salto) Sabe
de uma
coisa? Eu
vou pular.
Já perdi
muito tempo.
Não se
aproxime!
Pedro: E se
você estiver
errado?
Douglas: Vou
morrer. Vou
descansar em
paz.
Pedro: Será
que você não
está indo
porque
alguém está
te chamando?
Douglas:
Você está me
confundindo.
Pedro:
Inferno...
Douglas: O
inferno é
aqui mesmo.
(Pedro se
prepara para
lançar o
anzol. Mesmo
em meio a
conversa,
Pedro
prossegue
sua
pescaria).
Pedro: A
Bíblia não
ensina isso!
Douglas: E
por que
tanto
sofrimento
se aqui não
é o inferno?
Pedro: A
Bíblia nunca
prometeu um
mar de rosas
- “No mundo
tereis
aflições”.
Mas existem
armas para
sairmos
ilesos
dessas
aflições.
Douglas:
Falar é
fácil! Você
tem uma vida
tranqüila.
Tem até
disposição
para vir
pescar a
esta hora do
dia. Com
este sol de
rachar. Eu
não passo de
um
zé-dos-anzóis.
Minha esposa
me
abandonou.
Meus filhos
não querem
mais saber
de mim.
Estou
desempregado.
E para
piorar, os
cobradores
não param de
bater à
minha porta.
Você acha
que existe
solução para
mim?
(Prepara-se
para o
salto)
Existe sim,
a morte!
(Pedro tenta
se aproximar
um pouco
mais).
Douglas: Não
se aproxime!
Eu pulo.
Pedro: Eu
tenho a
solução para
você.
Acalme-se!
Nem todos te
abandonaram.
O Senhor
diz:
“Porventura
pode uma
mulher
esquecer-se
tanto de seu
filho que
cria, que
não se
compadeça
dele, do
filho do seu
ventre? Mas
ainda que
esta se
esquecesse
dele,
contudo eu
não me
esquecerei
de ti.”
Douglas: Mas
eu me sinto
abandonado.
Pedro: Você
é especial!
Douglas:
Minha
esposa, meus
filhos e
meus
cobradores
não pensam
assim.
Pedro: Você
só é
especial
porque você
é você
mesmo.
Imaginou?
Ninguém pode
ouvir os
teus
pensamentos.
Mesmo quando
sentiu raiva
de alguém,
inveja de
outra, ou,
até mesmo,
apaixonou-se
por outra.
Douglas:
Hum!
Pedro: Só os
seus olhos
viram tudo o
que você
viu. Só os
seus ouvidos
ouviram tudo
o que você
ouviu. Todos
os teus
segredos
ficaram
guardados
com você.
Isso tudo
não dá um
sentimento
de solidão?
Douglas:
(Estourando)
Viu? Você
tenta me
consolar
deste jeito.
Agora tenho
certeza que
estou
isolado no
mundo.
Pedro:
Deixe-me
concluir.
Tudo o que
eu disse é
apenas meia
verdade.
Alguém soube
os teus
pensamentos.
Douglas: Ih!
Você está
querendo
ganhar tempo
me
confundindo?
Pedro: Ele
viu o que
você viu.
Ouviu cada
cochicho
captado
pelos teus
ouvidos. Os
teus
segredos
mais
secretos não
são tão
invioláveis
assim! Ele
sofreu
quando você
sofreu...
(Douglas
demonstra
começar a se
comover) E
sofreu mais
ainda quando
você
insistiu em
não lhe
entregar sua
mão no
momento que
só ele
poderia te
ajudar.
Tenho
certeza que
neste
momento,
assim como
na morte do
amigo
Lázaro,
Jesus chora
por você.
(Douglas
baixa a
cabeça
demonstrando
estar
chorando).
Pedro: Ele
te fez
especial,
por isso
você é
especial
para ele.
Você é
único.
Douglas:
Acho que eu
não sou mais
tão especial
para Ele. Eu
não passo de
um miserável
pecador.
Pedro: Não
importa
qual, muito
menos
quantos
pecados você
cometeu. Ele
já te
perdoou
quando
morreu lá na
cruz.
Douglas:
Será que eu
não sou um
caso
perdido?
Pedro: A
Bíblia diz:
“Mas, a
todos
quantos o
receberam,
deu-lhes o
poder de
serem feitos
filhos de
Deus; aos
que crêem em
seu nome.”
Para um pai
o filho
jamais é um
caso
perdido.
Douglas: Mas
será que Ele
me aceita
como filho?
Pedro: Claro
que sim!
Jesus diz:
“Eis que
estou a
porta, e
bato: se
alguém ouvir
a minha voz,
e abrir a
porta,
entrarei em
sua casa, e
com ele
cearei, e
ele comigo.”
Jesus hoje
está batendo
a porta de
seu coração.
(Douglas
desamarra a
corda que o
prendia a
pedra. Pula
o para-peito
da ponte).
Douglas: O
que eu faço
agora?
Pedro: Abra
a porta do
teu coração.
Deixe Jesus
entrar. Ele
quer te dar
uma nova
vida.
(Douglas se
ajoelha).
Douglas: Eu
o aceito.
Pedro: Agora
eu quero
fazer uma
oração por
você.
(Colocando a
mão sobre
seu ombro)
Pai
celestial,
sei que os
céus estão
em festa.
Aquele que
tu sempre
amou, e que
se perdeu,
hoje foi
encontrado.
Troca a vida
dele de
angustias,
desilusões,
pela vida
abundante e
cheia de
alegria que
só Tu tem
para lhe
dar. Escreve
o nome dele
no Livro da
Vida. Amém!
(Cortina).