1 Reis
(1Rs)
Escritor: Anônimo
Lugar da Escrita: Jerusalém e Judá
Escrita Completada: Cerca de 560-550 a.C.
Tema: Reis de Israel e de Judá
As conquistas de Davi haviam estendido o território de Israel até os
limites fixados por Deus, desde o rio Eufrates, no Norte, até o rio do
Egito, no Sul. (2 Sam. 8:3; 1 Reis 4:21) Quando Davi já estava morto, e
seu filho Salomão reinava em seu lugar, “Judá e Israel eram muitos, em
multidão, iguais aos grãos de areia junto ao mar, comendo e bebendo, e
alegrando-se”. (1 Reis 4:20) Salomão governava com grande sabedoria,
sabedoria esta que ultrapassava em muito a dos gregos da antiguidade.
Ele construiu um magnífico templo para Deus. Entretanto, até mesmo
Salomão se desviou para a adoração de deuses falsos. Quando morreu, o
reino se dividiu em duas partes, e uma sucessão de reis maus nos reinos
rivais de Israel e de Judá agiu ruinosamente, acarretando angústia ao
povo, precisamente como Samuel predissera. (1 Sam. 8:10-18) Dos 14 reis
que reinaram em Judá ou em Israel depois da morte de Salomão,
mencionados no livro de Primeiro Reis, apenas 2 conseguiram fazer o que
é correto aos olhos de Deus. Então, é este relato ‘inspirado e
proveitoso’? Não resta dúvida de que é, conforme veremos, examinando os
conselhos dados, as profecias e os tipos contidos, bem como sua relação
com o tema do Reino, que predomina em “toda a Escritura”.
O livro de Reis era originalmente um só rolo, ou volume, sendo chamado
em hebraico de Mela·khím (Reis). Os tradutores da Septuaginta o chamaram
de Ba·si·leí·on, “Reinos”, e foram os primeiros a dividi-lo em dois
rolos, para comodidade. Mais tarde, foram chamados de Terceiro e Quarto
Reis, títulos que continuam até o presente em Bíblias católicas. Não
obstante, são agora geralmente conhecidos por Primeiro e Segundo Reis.
São diferentes de Primeiro e de Segundo Samuel, pois o compilador cita
documentos anteriores como fonte de matéria. Nos dois livros, o único
compilador se refere 15 vezes ao “livro dos assuntos dos dias dos reis
de Judá” e 18 vezes ao “livro dos assuntos dos dias dos reis de Israel”,
também ao “livro dos assuntos de Salomão”. (1 Reis 15:7; 14:19; 11:41)
Embora estes antigos escritos tenham sido perdidos por completo, a
compilação inspirada existe a narrativa proveitosa de Primeiro e Segundo
Reis.
Quem escreveu os livros dos Reis? A ênfase que se dá à obra executada
pelos profetas, notadamente por Elias e por Eliseu, indica que foi um
profeta de Deus que os escreveu. As similaridades de linguagem,
composição e estilo sugerem que o escritor destes livros de Reis é o
mesmo que escreveu o livro de Jeremias. Muitas palavras e expressões
hebraicas só se encontram nos livros de Reis e em Jeremias, não
aparecendo em nenhum outro livro da Bíblia. Contudo, se Jeremias
escreveu os livros de Reis, por que não é ele mencionado neles? Porque
não era necessário, visto que a obra que ele realizou já estava descrita
no livro que leva o seu nome. Além disso, os livros de Reis foram
escritos para magnificar a Deus e a Sua adoração, não para aumentar a
reputação de Jeremias. Na realidade, os livros de Reis e de Jeremias se
complementam em grande parte, um fornecendo a informação que o outro
omite. Outrossim, há passagens paralelas, como, por exemplo, 2 Reis
24:18-25:30 e Jeremias 39:1-10; 40:7-41:10; 52:1-34. A tradição judaica
confirma que Jeremias foi o escritor de Primeiro e Segundo Reis. Foi,
sem dúvida, em Jerusalém que ele começou a compilar os dois livros, e
parece que o segundo livro foi completado no Egito, por volta de 560
a.C., visto que na conclusão de sua narrativa ele se refere a eventos
que aconteceram naquela época. (2 Reis 25:27) Primeiro Reis retoma a
narrativa da história de Israel donde havia sido interrompida no fim de
Segundo Samuel, e prossegue até o ano em que Jeosafá morreu. 1 Reis
22:50.
Primeiro Reis ocupa seu lugar legítimo no cânon das Escrituras Sagradas,
sendo aceito por todas as autoridades nesse campo. Além do mais, os
eventos relatados em Primeiro Reis são confirmados pela história secular
do Egito e da Assíria. A arqueologia confirma igualmente muitas das
declarações do livro. Por exemplo, em 1 Reis 7:45, 46, lemos que foi “no
Distrito do Jordão . . . entre Sucote e Zaretã” que Hirão fundiu os
utensílios de cobre para o templo de Salomão. Os arqueólogos, escavando
o local da antiga Sucote, desenterraram evidência de atividades de
fundição ali. Além disso, um relevo sobre a parede do templo em Carnac
(a antiga Tebas) exalta a invasão de Judá por parte do rei egípcio
Xexonque (Sisaque), mencionada em 1 Reis 14:25, 26.
As referências de outros escritores da Bíblia e o cumprimento das
profecias atestam a autenticidade de Primeiro Reis. Jesus falou dos
eventos relacionados com Elias e a viúva de Sarefá como realidades
históricas. (Luc. 4:24-26) Falando sobre João, o Batizador, Jesus disse:
“Ele mesmo é ‘Elias, que está destinado a vir’.” (Mat. 11:13, 14) Jesus
se referia aqui à profecia de Malaquias, que falava da mesma forma sobre
um dia futuro: “Eis que vos envio Elias, o profeta, antes de chegar o
grande e atemorizante dia do Senhor.” (Mal. 4:5) Jesus confirmou
adicionalmente a canonicidade de Primeiro Reis, mencionando o que estava
escrito nesse livro sobre Salomão e sobre a rainha do sul. Mat. 6:29;
12:42; compare com 1 Reis 10:1-9.
CONTEÚDO DE PRIMEIRO REIS
Salomão torna-se rei (1 Reis 1:1-2:46). Primeiro Reis começa na
ocasião em que Davi está à beira da morte, perto do fim de seu reinado
de 40 anos. Seu filho Adonias, ajudado por Joabe, chefe do exército, e
por Abiatar, o sacerdote, conspira apoderar-se do trono. O profeta Natã
informa Davi a respeito disto e lembra ao rei indiretamente que este já
nomeara Salomão para ser rei após sua morte. Em resultado disso,
enquanto os conspiradores celebram a sucessão de Adonias, Davi dá ordens
a Zadoque, o sacerdote, para ungir a Salomão como rei. Davi passa então
a aconselhar Salomão a ser forte e mostrar-se homem, e a andar nos
caminhos do Senhor, seu Deus, após o que Davi morre e é enterrado “na
Cidade de Davi”. (2:10) Com o tempo, Salomão bane a Abiatar e executa os
perturbadores, a saber, Adonias e Joabe. Mais tarde, Simei é executado
porque não respeita a misericordiosa provisão feita de se lhe poupar a
vida. O reino fica agora firmemente estabelecido nas mãos de Salomão.
Salomão reina com sabedoria (3:1-4:34). Salomão faz uma aliança
matrimonial com o Egito, casando-se com a filha de Faraó. Ele ora a Deus
para que lhe dê um coração obediente, a fim de julgar com discernimento
o povo de Deus. Em virtude de não solicitar vida longa ou riquezas, Deus
promete dar-lhe um coração sábio e discernidor, bem como riquezas e
glória. Logo no início de seu reinado, Salomão revela sua sabedoria,
quando duas mulheres se apresentam diante dele, ambas sustentando ser
seu o mesmo filho. Salomão ordena a seus homens que ‘cortem o menino
vivo em dois’ e dêem metade para cada uma delas. (3:25) Nisto, a mãe
verdadeira pleiteia pela vida do bebê, dizendo que a outra mulher pode
ficar com ele. Assim, Salomão identifica a mãe verdadeira, e ela recebe
o filho. Graças à sabedoria de Salomão, dada por Deus, todo o Israel
prospera, é feliz e goza de segurança. Pessoas de muitos países vêm
ouvir a sua sabedoria.
O templo de Salomão (5:1-10:29). Salomão relembra as palavras de
Deus a Davi, seu pai: “Teu filho, a quem porei sobre o teu trono em teu
lugar, ele é quem construirá uma casa ao meu nome.” (5:5) Por
conseguinte, Salomão faz preparativos para isso. Hirão, rei de Tiro,
presta ajuda, enviando madeira de cedro e de junípero do Líbano, bem
como trabalhadores qualificados. Estes, juntamente com os trabalhadores
contratados por Salomão, começam a trabalhar na construção da casa de
Deus, no quarto ano do reinado de Salomão, isto é, no 480.° ano depois
que os israelitas saíram do Egito. (6:1) Não se usam martelos, machados
nem ferramenta alguma de ferro no local da construção, pois todas as
pedras são preparadas e talhadas na pedreira antes de serem levadas ao
local do templo para serem assentadas. As paredes internas do templo são
primeiro cobertas de cedro e o chão, de junípero, a seguir, todo o
interior é belamente revestido de ouro. Fazem-se dois querubins de
oleastro, tendo cada um dez côvados (4,5 m) de altura e dez côvados da
ponta de uma asa à outra, e estes são colocados no compartimento mais
recôndito. São entalhadas nas paredes do templo figuras de outros
querubins, de palmeiras e de flores. Finalmente, depois de mais de sete
anos de trabalho, o magnífico templo é terminado. Salomão continua o seu
programa de construção: uma casa para si mesmo, a Casa da Floresta do
Líbano, o Pórtico das Colunas, o Pórtico do Trono e uma casa para a
filha de Faraó. Faz também duas grandes colunas de cobre para o pórtico
da casa de Deus, o mar de fundição para o pátio, carrocins de cobre,
bacias de cobre e utensílios de ouro.
Chega então o tempo para os sacerdotes transportarem a arca do pacto de
Deus e a colocarem no compartimento mais recôndito, o Santíssimo,
debaixo das asas dos querubins. Quando os sacerdotes saem, ‘a glória do
Senhor enche a casa de Deus’, não mais podendo os sacerdotes ficar de pé
para ministrar. (8:11) Salomão abençoa a congregação de Israel, bendiz e
louva ao Senhor. Ajoelhado e com as mãos estendidas para os céus, ele
reconhece em sua oração que nem o céu dos céus pode conter a Deus, muito
menos a casa terrestre que construiu. Em sua oração, pede que Deus ouça
a todos os que temem a Ele, quando orarem voltados para essa casa, sim,
até mesmo ao estrangeiro vindo de uma terra distante, “para que todos os
povos da terra conheçam o teu nome para te temer assim como teu povo
Israel”. 8:43.
Durante a festa de 14 dias que se segue, Salomão sacrifica 22.000
bovinos e 120.000 ovelhas. Deus diz a Salomão que ouviu a sua oração e
que santificou o templo, colocando ali o Seu “nome por tempo
indefinido”. Agora, se Salomão andar em retidão diante de Deus, o trono
de seu reino continuará. Contudo, se Salomão e seus filhos depois dele
abandonarem a adoração de Deus e servirem a outros deuses, nesse caso,
Deus diz: “Eu vou decepar Israel da superfície do solo que lhes dei; e a
casa que santifiquei ao meu nome lançarei para longe de mim, e Israel
deveras se tornará uma expressão proverbial e um escárnio entre todos os
povos. E esta mesma casa se tornará montões de ruínas.” 9:3, 7, 8.
Levou 20 anos para Salomão terminar as duas casas, a casa de Deus e a
casa do rei. Daí, ele passa a construir muitas cidades em todo o seu
domínio, bem como uma frota de navios para comércio com países
distantes. A rainha de Sabá ouve falar da grande sabedoria que Deus deu
a Salomão, e ela vem prová-lo com perguntas difíceis. Depois de ouvi-lo
e ver a prosperidade e a felicidade de seu povo, ela exclama: “Não se me
contou nem a metade.” (10:7) Visto que Deus continua a mostrar amor por
Israel, Salomão chega a ser “maior em riquezas e em sabedoria do que
todos os outros reis da terra”. 10:23.
Infidelidade e morte de Salomão (11:1-43). Desobedecendo ao
mandamento de Deus, Salomão toma muitas esposas de outras nações 700
esposas e 300 concubinas. (Deut. 17:17) Seu coração é desviado para
servir outros deuses. Deus lhe diz que o reino lhe será arrancado, não
nos seus dias, mas nos dias de seu filho. Entretanto, parte do reino,
uma tribo, além da tribo de Judá, será governada pelos filhos de
Salomão. Deus começa a suscitar inimigos a Salomão dentre as nações
vizinhas, e Jeroboão, da tribo de Efraim, também se levanta contra o
rei. O profeta Aijá diz a Jeroboão que ele reinará sobre dez tribos de
Israel, mas Jeroboão foge para o Egito, temendo pela sua vida. Salomão
morre depois de reinar 40 anos, e seu filho Roboão torna-se rei no ano
997 a.C..
O reino é dividido (12:1-14:20). Jeroboão volta do Egito e junto
com o povo vai pedir a Roboão que os alivie de todas as cargas que
Salomão colocou sobre eles. Em vez de escutar o conselho sábio dos
anciãos de Israel, Roboão escuta os jovens e aumenta o jugo que pesa
sobre o povo. Israel se revolta e faz de Jeroboão rei sobre as dez
tribos do norte. Roboão, ficando com apenas Judá e Benjamim, reúne um
exército para combater os rebeldes, mas, às ordens de Deus, ele recua.
Jeroboão edifica Siquém como sua capital, mas ainda assim se sente
inseguro. Teme que o povo retorne a Jerusalém para adorar a Deus e se
submeta novamente a Roboão. A fim de impedir isto, faz dois bezerros de
ouro, que coloca um em Dã e o outro em Betel, e designa sacerdotes, não
dentre a tribo de Levi, mas dentre todo o povo, para presidirem à
adoração.
Enquanto Jeroboão oferece sacrifício no altar de Betel, Deus envia um
profeta para avisá-lo de que Ele suscitará um rei da linhagem de Davi,
de nome Josias, e que este tomará ação enérgica contra o altar de
adoração falsa. Como um portento, o altar é então imediatamente fendido
em dois. Mais tarde, o próprio profeta é morto por um leão, pois
desobedeceu à ordem de Deus de não comer nem beber durante a sua missão.
A adversidade começa então a vir sobre a casa de Jeroboão. Seu filho
morre, conforme o julgamento da parte de Deus, e Aijá, profeta de Deus,
prediz que a casa de Jeroboão será completamente exterminada, porque ele
cometeu o grande pecado de colocar falsos deuses em Israel. Depois de
reinar 22 anos, Jeroboão morre e seu filho Nadabe torna-se rei em seu
lugar.
Roboão, Abijão e Asa, reis de Judá (14:21-15:24). No ínterim, sob
Roboão, Judá faz também o que é mau aos olhos de Deus, praticando a
adoração de ídolos. O rei do Egito invade e leva muitos dos tesouros do
templo. Depois de 17 anos de reinado, Roboão morre, e seu filho Abijão
torna-se rei. Ele também continua a pecar contra Deus e morre depois de
três anos de reinado. Asa, seu filho, o sucede, e, ao contrário dele,
serve a Deus de todo o coração e retira do país os ídolos detestáveis.
Há guerra constante entre Israel e Judá. Asa recebe ajuda da Síria, e
Israel vê-se forçado a retirar-se. Asa reina 41 anos e é sucedido pelo
seu filho Jeosafá.
Nadabe, Baasa, Elá, Zinri, Tibni, Onri e Acabe, reis em Israel
(15:25-16:34). Que bando de malfeitores! Baasa assassina a Nadabe
depois de este ter reinado apenas dois anos, e passa a exterminar a
inteira casa de Jeroboão. Continua na adoração falsa e a lutar contra
Judá. Deus prediz que eliminará a casa de Baasa como fez com a de
Jeroboão. Depois de 24 anos de reinado, Baasa é sucedido pelo seu filho
Elá, que é assassinado dois anos depois pelo seu servo Zinri. Logo que
se apodera do trono, Zinri destrói a todos os da casa de Baasa. Ouvindo
isto, o povo estabelece como rei a Onri, o chefe do exército, e investe
contra Tirza, a capital do Rei Zinri. Vendo que tudo está perdido, Zinri
queima a casa do rei sobre si mesmo, de modo que morre. Daí, Tibni tenta
governar como rei rival, mas, algum tempo depois, os seguidores de Onri
apanham a Tibni e o matam.
Onri compra o monte de Samaria sobre o qual edifica a cidade de Samaria.
Segue os mesmos caminhos de Jeroboão, ofendendo a Deus com a adoração de
ídolos. Com efeito, ele é pior do que os demais que o precederam. Depois
de reinar durante 12 anos, ele morre, e Acabe, seu filho, torna-se rei.
Acabe se casa com Jezabel, filha do rei de Sídon, daí ele edifica um
altar a Baal em Samaria. Excede em iniqüidade a todos os que o
precederam. É nessa época que Hiel, o betelita, reconstrói a cidade de
Jericó, pagando com a vida de seu filho primogênito e de seu caçula. A
verdadeira adoração está em total declínio.
A obra profética de Elias em Israel (17:1-22:40). Subitamente,
entra em cena um mensageiro de Deus. Trata-se de Elias, o tisbita. É
realmente impressionante a sua primeira mensagem ao Rei Acabe: “Assim
como vive Deus, o Deus de Israel, perante quem deveras estou de pé, não
ocorrerá durante estes anos nem orvalho nem chuva, a não ser à ordem da
minha palavra!” (17:1) De modo igualmente súbito, Elias se retira, sob a
ordem de Deus, para um vale ao leste do Jordão. A seca castiga Israel,
mas os corvos trazem alimento para Elias. Quando a torrente seca, Deus
envia seu profeta a Sarefá, em Sídon, para residir ali. Em razão da
bondade que uma viúva demonstra para com Elias, Deus lhe mantém
miraculosamente a pequena reserva de farinha e de azeite, assim nem ela
nem seu filho morrem de fome. Depois de algum tempo, o filho adoece e
morre, mas Elias implora a Deus, e Deus restitui a vida ao menino. Daí,
no terceiro ano da seca, Deus envia de novo Elias a Acabe. Este acusa
Elias de ter trazido ostracismo sobre Israel, mas Elias responde com
firmeza a Acabe: “Foste tu e a casa de teu pai” que o trouxeram,
seguindo aos Baalins. 18:18.
Elias vai ter com Acabe para ajuntar todos os profetas de Baal no monte
Carmelo. Não mais poderão mancar em duas opiniões. Apresenta-se a
questão: Deus contra Baal! Perante todo o povo, os 450 sacerdotes de
Baal preparam um novilho, colocam-no sobre a lenha em cima do altar e
oram para que desça fogo para consumir a oferta. Desde a manhã até o
meio-dia, em vão invocam a Baal, em meio às zombarias de Elias. Gritam e
fazem cortes em si mesmos, mas não recebem nenhuma resposta! Daí, o
profeta Elias, sozinho, edifica um altar em nome de Deus, prepara a
lenha e o novilho para o sacrifício. Manda o povo encharcar a oferta e a
lenha três vezes com água, e em seguida ora a Deus: “Responde-me, ó
Deus, responde-me, para que este povo saiba que tu, Senhor, és o
verdadeiro Deus!” Nisto, desce subitamente fogo do céu, consumindo a
oferta, a lenha, as pedras do altar, o pó e a água. Quando todo o povo
vê isto, prostra-se imediatamente com o rosto em terra e diz: “Tu
Senhor, és o verdadeiro Deus!” (18:37, 39) Morte aos profetas de Baal!
Elias cuida pessoalmente da matança de modo a não deixar escapar nenhum.
Daí, Deus faz chover, acabando assim a seca em Israel.
Quando as notícias sobre a humilhação de Baal chegam a Jezabel, ela
procura um meio de mandar matar Elias. Temendo, ele foge com seu
ajudante para o ermo, e Deus o conduz a Horebe. Deus lhe aparece ali não
de modo espetacular no meio dum vento, num tremor ou num fogo, mas com
“uma voz calma, baixa”. (19:11, 12) Deus ordena-lhe que vá ungir a
Hazael para ser rei da Síria, a Jeú para ser rei em Israel e a Eliseu
como profeta em seu lugar. Ele consola a Elias com a informação de que
7.000 pessoas em Israel não se encurvaram diante de Baal. Elias vai
imediatamente ungir Eliseu, lançando sobre ele o seu manto oficial.
Acabe ganha agora duas vitórias sobre os sírios, mas é repreendido por
Deus por ter feito um pacto com o rei deles, em vez de matá-lo. Daí, vem
o caso de Nabote, cujo vinhedo Acabe cobiça. Jezabel trama uma acusação
falsa contra Nabote por meio de testemunhas falsas, e faz que ele seja
morto de modo a Acabe poder tomar o vinhedo. Que crime imperdoável!
De novo Elias aparece. Diz a Acabe que, no próprio lugar onde Nabote
morreu, os cães lamberão igualmente seu sangue, e que sua casa será
exterminada tão completamente quanto a de Jeroboão e de Baasa. Os cães
comerão a Jezabel no terreno de Jezreel. “Sem exceção, ninguém se
mostrou igual a Acabe, que se vendeu para fazer o que é mau aos olhos de
Deus, instigando-o Jezabel, sua esposa.” (21:25) Entretanto, visto que
Acabe se humilha ao ouvir as palavras de Elias, Deus diz que a
calamidade não virá nos seus dias, mas nos dias de seu filho. Acabe se
junta agora a Jeosafá, rei de Judá, e eles lutam contra a Síria,
contrário ao conselho de Micaías, o profeta de Deus. Acabe morre dos
ferimentos que recebe na batalha. Enquanto seu carro é lavado junto ao
reservatório de Samaria, os cães lambem seu sangue, assim como Elias
profetizara. Acazias, seu filho, torna-se rei em Israel em seu lugar.
Jeosafá reina em Judá (22:41-53). Jeosafá, que acompanhara a
Acabe na batalha contra a Síria, permanece fiel a Deus, semelhante a
Asa, seu pai, mas não extermina por completo os altos da adoração falsa.
Depois de reinar por 25 anos, ele morre, e Jeorão, seu filho, torna-se
rei. Ao norte, em Israel, Acazias segue as pisadas de seu pai, ofendendo
a Deus com a adoração que presta a Baal.
PROVEITO PARA O DIA DE HOJE:
Pode-se tirar grande proveito das instruções divinas contidas em
Primeiro Reis. Vejamos primeiro o assunto da oração, que tão
freqüentemente é acentuado nesse livro. Quando confrontado com a
tremenda responsabilidade de reinar em Israel, Salomão orou humildemente
a Deus, como uma criança. Pediu apenas discernimento e um coração
obediente, mas, além de sabedoria em medida superabundante, Deus lhe deu
também riquezas e glória. (3:7-9, 12-14) Tenhamos nós hoje a certeza de
que as nossas humildes orações, pedindo sabedoria e orientação no
serviço de Deus, não ficarão sem resposta! (Tia. 1:5) Oremos sempre com
fervor e de todo o coração, com profundo apreço por toda a bondade de
Deus, como o fez Salomão por ocasião da dedicação do templo! (1 Reis
8:22-53) Que nossas orações sejam sempre feitas com total confiança em
Deus e dependência dele, a exemplo de Elias que orou em tempo de
provação e quando confrontado face a face com uma nação que adorava
demônios! Deus provê maravilhosamente às necessidades dos que o buscam
em oração. 1 Reis 17:20-22; 18:36-40; 1 João 5:14.
Além do mais, o exemplo dos que não se humilharam perante Deus deve
constituir um aviso para nós. Como ‘Deus se opõe aos soberbos’! (1Ped.
5:5) Houve Adonias, que pensou que pudesse passar por alto a designação
teocrática de Deus (1 Reis 1:5; 2:24, 25); Simei, que pensou que pudesse
ultrapassar impunemente os limites (2:37, 41-46); Salomão, cuja
desobediência no fim de seus dias, suscitou opositores da parte de Deus
(11:9-14, 23-26); e os reis de Israel, cuja religião falsa levou à ruína
(13:33, 34; 14:7-11; 16:1-4). Houve também a iniquamente cobiçosa
Jezabel, o poder por trás do trono de Acabe, cujo exemplo notório foi
usado mil anos mais tarde como base para um aviso à congregação de
Tiatira: “Não obstante, tenho contra ti que toleras aquela mulher
Jezabel, que se chama profetisa, e ela ensina e desencaminha os meus
escravos para cometerem fornicação e para comerem coisas sacrificadas a
ídolos.” (Ap. 2:20) Os dirigentes precisam manter as congregações limpas
e livres de todas as influências semelhantes às de Jezabel! Veja Atos
20:28-30.
O poder de profecia de Deus é claramente demonstrado no cumprimento de
muitas profecias relatadas em Primeiro Reis. Por exemplo, há a notável
profecia, feita com mais de 300 anos de antecedência, segundo a qual
seria Josias quem destruiria o altar de Jeroboão, em Betel. Josias fez
realmente isso! (1 Reis 13:1-3; 2 Reis 23:15) Contudo, são ainda mais
extraordinárias as profecias sobre a casa de Deus, construída por
Salomão. Deus disse a Salomão que o desvio para os deuses falsos
resultaria em Ele ‘decepar Israel da superfície do solo, e lançar para
longe Dele a casa que santificou ao seu nome’. (1 Reis 9:7, 8) Em 2
Crônicas 36:17-21, lemos quão exatamente se cumpriu esta predição. Além
do mais, Jesus anunciou que o templo que Herodes, o Grande, havia
construído mais tarde naquele local teria o mesmo fim, e isso pelo mesmo
motivo. (Luc. 21:6) Quão verídico também isto revelou ser! Devemos
lembrar-nos dessas catástrofes e do motivo de terem acontecido, a fim de
andarmos sempre nos caminhos do verdadeiro Deus.
A rainha de Sabá veio de seu país distante e se maravilhou da sabedoria
de Salomão, da prosperidade de seu povo e da glória do seu reino, também
da magnífica casa do Senhor Deus. Entretanto, até mesmo Salomão
confessou diante de Deus: “Os próprios céus, sim, o céu dos céus, não te
podem conter; quanto menos, então, esta casa que construí!” (1 Reis
8:27; 10:4-9) Séculos mais tarde, porém, Cristo Jesus veio para realizar
uma obra de construção espiritual, especialmente relacionada com a
restauração da adoração verdadeira no grande templo espiritual de Deus.
(Heb. 8:1-5; 9:2-10, 23) É a este maior do que Salomão que se aplica a
promessa de Deus: “Então deveras estabelecerei o trono do teu reino
sobre Israel por tempo indefinido.” (1 Reis 9:5; Mat. 1:1, 6, 7, 16;
12:42; Luc. 1:32) Primeiro Reis fornece estimulante vislumbre da glória
do templo espiritual de Deus, bem como da prosperidade, da alegria e da
felicidade indescritíveis de todos os que chegarem a viver sob o sábio
domínio do Reino de Deus, por Cristo Jesus. Assim, aumenta cada vez mais
o nosso apreço da importância da verdadeira adoração e da maravilhosa
provisão feita por Deus, de seu Reino por meio da Semente!