Coragem.
Encorajamento.
Duas palavras, ambas
derivadas do latim cor,
coração. Richard I, rei da
Inglaterra de 1189 a 1199,
era admirado pela coragem.
Cantando os seus feitos, os
poetas da época o chamavam
de “Richard, Coração-de-leão”.
Para ajudarmos os nossos
liderados a ter “corações de
leão”, capazes de enfrentar
grandes desafios e
dificuldades sem se
acovardar ou esmorecer,
precisamos expressar para
com eles outra qualidade
também derivada de cor: a
cordialidade. Ser cordial é
“demonstrar afabilidade,
sinceridade, calor,
franqueza, disposição
favorável, boa vontade”
(Houaiss). É ter coração
grande, que reconheça o
valor dos liderados e
demonstre gratidão pelo seu
grau de dedicação e
comprometimento para com a
causa.
O bom líder é ao mesmo tempo
duro e carinhoso; firme e
justo; apaixonado pela causa
e transbordante de
compaixão. Querendo
encorajar o coração dos seus
liderados, ele aprende a
demonstrar apreço, elogio,
agradecimento, qualquer
palavra ou gesto que
signifique: “Eu me importo
com você e com aquilo que
faz. Você está no trilho
certo. Está indo bem.
Obrigado”.
O encorajamento tem sete
aspectos essenciais que
examinaremos a seguir:
1-
Estabeleça padrões
específicos e fáceis de
entender - Já
experimentou participar de
um jogo sem saber as regras,
ou quando os parceiros, sem
avisar, mudavam as regras?
Quanta frustração, não foi?
Você evita esse tipo de
situação e lança um bom
alicerce para o
encorajamento quando torna
bem explícitas e
inteligíveis as “regras do
jogo”.
Para poder encorajar alguém,
será necessário que tanto
você como esse alguém
compartilhem os mesmos
valores, aspirem alcançar os
mesmos padrões de
excelência. O padrão
estabelecido deve ser bem
acima da mediocridade, deve
exigir o melhor da pessoa.
Ao mesmo tempo é essencial
que o padrão seja fácil de
entender e seja muitas vezes
repetido, para que o
liderado saiba que o padrão
é importante.
Patinar num só lugar ou
andar em círculos é
deprimente. Ao contrário,
quando conhecemos e
entendemos os alvos,
sentimos o desejo de gastar
energia para nos movermos em
direção a eles. Os alvos nos
ajudam a concentrar a
atenção e a ter melhor
auto-estima.
2-
Espere o melhor -
Os melhores líderes são
confiantes de que os seus
liderados serão capazes de
alcançar o padrão
estabelecido. Dedicam-se a
ajudar pessoas a realizar
plenamente o seu potencial.
Os liderados, percebendo
isso, pensam: “Eu posso,
sim!”.
Lembre-se, entretanto, de
que o encorajamento tem de
ser sincero. As pessoas
sentem a atitude por trás
das palavras que escutam. Se
eu disser: “Você pode, sim,
tenho certeza disso!”
enquanto estiver pensando:
“Que esperança? Isto aqui é
fracasso garantido!”, a
minha hipocrisia será
sutilmente comunicada e
percebida.
3-
Preste atenção -
O líder tem que estar
circulando no meio do seu
povo, onde possa ver as
coisas certas que estão
acontecendo. Como disse
alguém, “O pastor tem de
cheirar a ovelha”. Não se
trata de somente ver o que
as pessoas estão fazendo; é
necessário prestar atenção,
entendendo o significado do
que elas fazem. É dar
importância às suas ações.
Os melhores líderes têm uma
espécie de radar para captar
sinais positivos.
É ruim aquele líder que se
considera xerife, circulando
entre os liderados com o
principal objetivo de
descobrir se alguém está
errando, trabalhando muito
devagar ou criando problema.
Na hora que esse líder
aparece, todo mundo pára de
conversar e trabalha a mil.
Entretanto, mesmo na
presença dele, apenas
trabalham de maneira
diferente, não estão dando o
melhor de si. Quando sabemos
que alguém vai aparecer à
procura de problemas, a
nossa tendência é de
esconder os problemas – o
que garante que não serão
solucionados. Se o gerente
não confiar nos
funcionários, os
funcionários, por sua vez,
deixarão de confiar nele. E
num ambiente de
desconfiança, pouco de bom
acontece.
Ao contrário, se os que
trabalham tiverem a certeza
de que serão visitados por
um líder sempre à procura de
algo bom para elogiar, eles
darão o melhor de si,
justamente para ter algo bom
para mostrar. E nesse
ambiente de mútua aceitação,
ajudarão uns aos outros a
funcionar bem.
É preciso evitar, a todo
custo, que os membros da
entidade pensem que os
líderes se reúnem quase
unicamente para lidar com
problemas e criticar a quem
tenha cometido erros.
4-
Personalize o agradecimento
- Não tenha uma maneira
padronizada de expressar
gratidão a alguém diante do
grupo. Procure incluir
detalhes que personalizem,
que dramatizem aquilo de tão
certo que a pessoa fez. O
agradecimento padronizado é
algo que poderia ser feito
por alguém que nem mesmo
conhecesse a pessoa em
questão, e o resultado seria
pouco motivador. Detalhes
individuais, talvez até
mencionando preferências e
limitações que a pessoa teve
de vencer para conseguir
esse bom resultado tornarão
o agradecimento muito mais
precioso a quem o receber.
5-
Conte a história
- A narração de histórias é
um dos mais antigos métodos
do mundo para se comunicar
os valores e ideais
sustentados pela comunidade.
Em culturas primitivas sem
escrita, as histórias eram
usadas para compartilhar as
importantes lições da vida.
Reconhecemos a importância
da narrativa no ensino das
crianças, mas nos esquecemos
da sua importância no ensino
de adultos. De fato,
pesquisas indicam que as
pessoas confiam mais em
histórias do que em
estatísticas.
Hoje em dia, somos inundados
de informações. Como
classificar tudo e coar e
guardar na memória algum
pedacinho de informação?
Pesquisas revelam claramente
que um dado é mais rápida e
mais acuradamente lembrado
quando é apresentado,
inicialmente, por meio de um
exemplo ou de uma história.
As boas histórias são
divertidas e prendem a
atenção. Mas elas também
ensinam. A ligação entre
esses dois aspectos foi
sublinhada por Marshall
McLuhan quando disse:
“Aqueles que pensam existir
uma diferença entre a
educação e o entretenimento,
não entendem nem uma coisa
nem a outra”.
A boa história nos emociona.
Emociona, ensina e grava na
memória. Ajuda o ouvinte a
colocar determinado
comportamento dentro de um
contexto vivencial e
entender o que é que alguém
precisa fazer, dentro desse
contexto, para corresponder
às expectativas dos líderes.
É como se aquele que faz o
agradecimento público
dissesse: “Toda vez que
vocês se encontrarem numa
situação do tipo que acabo
de mencionar, façam como fez
o Fulano. Ele pensou, pensou
e descobriu uma maneira bem
certa de agir de acordo com
os nossos padrões. Sabem de
uma coisa? Vocês poderão
fazer o mesmo”.
A boa história fica na
memória por muito mais tempo
do que uma palestra.
6-
Celebrem juntos -
Aquele que fez a coisa
certa, da maneira certa,
poderia ser elogiado em
particular, no gabinete do
líder. Um agradecimento
público, porém, além de ser
mais marcante para aquele
que o recebe, beneficia os
outros membros da entidade,
porque a história transmite
uma mensagem positiva a
todos eles.
Alguns líderes hesitam
elogiar publicamente um
liderado, temendo que isso
cause inveja ou
ressentimento entre os
outros. Entretanto, se o
líder for uma pessoa
genuína, gozando da
confiança dos liderados,
isso não acontecerá. Pelo
contrário, tais atos de
celebração contribuirão para
criar um clima de
encorajamento. Atos públicos
de elogio por trabalhos bem
feitos, ajudam a criar
aquele ambiente de união, de
apoio social, que é
fundamental ao nosso
bem-estar e à nossa
produtividade.
Por falar nisso, como anda a
sua rede pessoal de apoio?
Você pode visualizá-la,
pegando uma folha de papel e
desenhando um pequeno
círculo, bem no meio.
Dentro, escreva o seu nome.
Desenhe outros pequenos
círculos, alguns perto do
centro, outros mais
afastados. Em círculos perto
do centro, escreva os nomes
das pessoas nas quais você
pode realmente confiar para
lhe dar apoio em toda e
qualquer circunstância. Nos
círculos um pouco mais
afastados, escreva os nomes
de pessoas confiáveis, mas
com as quais você talvez não
possa se abrir completamente
a respeito do seus
problemas. Observando o seu
desenho, que conclusões você
tira?
Pesquisas mostram que aquilo
que diferencia grupos de
alta produtividade daqueles
que produzem menos, muitas
vezes é a variedade e a
freqüência de eventos em que
se expressem elogios e
agradecimentos. As melhores
empresas criam uma cultura
de celebração.
7-
Sirva de exemplo
- Se quiser que as pessoas
sob minha liderança
respeitem e apreciem umas às
outras; se o meu desejo é
que elas adotem o costume de
encorajar umas às outras,
terei de servir de modelo,
mostrando como se faz isso.
As pessoas querem confiar
nos seus líderes. Querem
crer que se pode confiar na
palavra deles e que eles
praticam aquilo que dizem. A
credibilidade é fundamental:
se você não crê no
mensageiro, é provável que
não crerá na mensagem.
O envolvimento pessoal é uma
genuína expressão de
preocupação com o bem-estar
dos outros. Tal envolvimento
contribuirá para o
desenvolvimento de confiança
e parceria. A liderança não
se pode exercer a distância.
Ela consiste em
relacionamento, e os
relacionamentos se formam
somente quando as pessoas se
mantêm em contato umas com
as outras.
Devido às diferenças entre
um tipo de personalidade e
outro, nem todo líder terá
facilidade em encorajar os
liderados. Mas o jeito é
começar, e por meio de
experiências, aprender a ser
um eficiente encorajador de
pessoas. Quem sabe você
adota o alvo de expressar
gratidão a alguém, mesmo da
maneira mais informal, cada
dia. Essa idéia não é
novidade. E tal
encorajamento é de especial
importância num ambiente
como a da igreja, onde quase
todos os que exercem os
diversos ministérios são
voluntários, não
contratados. Ali, eles
precisam sentir
profundamente, no coração,
que o seu trabalho tem
sentido e é apreciado.
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