Sem muita preocupação com
conceitos psicológicos,
apresentamos a seguir
algumas dicas para você
aquecer sua vida sexual sem
ferir os princípios cristãos
e entristecer ao Criador do
homem e da mulher. Leia com
seu cônjuge e procurem
colocar em prática.
Passeando por uma livraria
na sala de embarque de um
aeroporto, deparei-me com
uma quantidade de livros que
estimulam a imaginação sobre
o relacionamento sexual.
Tratam-se de livros
destinados tanto a homens
quanto a mulheres e que
contém promessas implícitas
de felicidade já em seu
título: “Como enlouquecer um
homem na cama”; “Como
enlouquecer uma mulher na
cama”; “120 maneiras de
fazer amor...”; etc.
Entretanto o que observei ao
folhear os referidos livros,
é que todos partem do mesmo
pressuposto: que o prazer
sexual é algo meramente
fisiológico, glandular e
que, com a devida
estimulação, pode-se chegara
um nível de satisfação
jamais imaginado.
O grande equívoco dos
autores é que o prazer
sexual restringe-se ao
biológico. Esta é apenas UMA
dimensão do prazer sexual e,
por incrível que pareça, a
mais básica e fundamental
das dimensões, alcançável
por quaisquer animais
‘inferiores’ da zoologia.
A sexualidade humana tem
dimensões que ultrapassam em
MUITO o nível fisiológico,
embora o mesmo de forma
alguma deva ser desprezado
ou menos valorizado. Entendo
que o principal órgão sexual
do ser humano é o seu
cérebro. Prova disto é que
basta um homem fechar os
olhos e imaginar uma cena
sexual que ele já tem
capacidade de ter uma
excitação em seus órgãos
genitais.
Bem, qual a implicação deste
fato? A principal dela é que
o prazer sexual é
intensificado pela nossa
imaginação. Isso é
facilmente comprovado quando
vemos a enorme quantidade de
dinheiro que é movimentada
pelos chamados “disk-sexo” e
pelos sex-shops e outras
formas de investimento na
imaginação, mesmo que
baseados em pura perversão
muitas vezes (como os
instrumentos de
sado-masoquismo que prometem
intensificar o ‘prazer’).
Partindo do princípio que a
nossa mente é a principal
responsável por nosso prazer
sexual, podemos enfatizar
algumas dicas para
incrementar este prazer ao
modelarmos nossas mentes
nesta direção:
DICA 1: Solidifique o
vínculo
Para se ter prazer numa
relação, a pessoa precisa
estar o mais relaxada
possível. As tensões
conspiram contra a obtenção
de um alto grau de prazer.
Assim o quanto mais relaxado
se puder estar durante a
relação, mais efetivo será o
prazer alcançado. Embora em
alguns veículos de mídia se
afirme que pessoas que
tiveram relações casuais em
um elevador ou em um
banheiro de restaurante
tiveram intenso prazer, o
que na verdade ocorre é que
tais pessoas confundem o
prazer sexual com a
ansiedade e que o que elas
tiveram é uma descarga
intensa de ansiedade pela
circunstância como ocorreu o
ato sexual e confundem o
alívio da ansiedade com
prazer.
Para estar relaxado é
preciso ter uma confiança
plena no outro e isso
acontece na medida que o
vínculo que se tem é sólido.
Ter uma relação estável,
duradoura, de aberta
confiança é de extrema
importância para estar
relaxado durante o
relacionamento sexual e
poder entregar-se plenamente
ao outro, desfrutando assim
de maior prazer.
DICA 2: Mantenha uma
comunicação aberta
Um outro elemento importante
para se incrementar o prazer
no relacionamento sexual é o
conhecimento do outro. Saber
o que agrada e o que
desagrada o outro, quais são
as formas como o outro
espera que você se aproxime
e inicie o relacionamento
sexual e quais são os
eventuais que o outro tem
acerca da sexualidade, são
elementos de vital
importância na construção da
intimidade e estas coisas só
se obtém através de uma
comunicação aberta e
transparente. Sem esta
comunicação haverá sempre
uma “pressuposição de
conhecimento” podendo gerar
muitos equívocos ou ainda
uma desconsideração do
outro.
Muitos casais não conseguem
conversar sobre sua
intimidade e acreditam que o
outro deva saber tudo sobre
ele(a), como se o outro
tivesse uma ‘bola de
cristal’ e assim vão levando
uma vida sexual medíocre por
falta de conhecimento do
outro e de diálogo sobre a
sexualidade, ou limitam a
sexualidade apenas à
dimensão fisiológica,
desfrutando de um prazer
muito limitado e acreditando
que é o máximo que podem
alcançar.
DICA 3: Esteja presente
emocionalmente
Isto tem a ver com o
interesse pelo outro como
pessoa integral e não
somente pela genitália do
outro. Casais que
desenvolvem um alto grau de
interesse um pelo outro
entendem que no ato sexual
não estão apenas usando o
cônjuge como um objeto de
satisfação de seus desejos
sexuais, mas que o sexo
transcende a isso – como
expressão complementar de um
afeto profundo.
Quando o outro é apenas
usado – como se fosse um
objeto que eu jogo fora
depois de não precisar mais
– o máximo que a pessoa vai
conseguir é um orgasmo
fisiológico. E alguns
acreditam que não se pode
conseguir mais que isso na
relação sexual. É como se
estivessem fazendo sexo com
uma prostituta, que regula o
tempo e que não tem o menor
interesse em você como
pessoa – você vale pelo que
pode pagar, nada mais que
isso.
Numa relação sexual onde se
está presente
emocionalmente, o outro é
pessoa na relação e os
interesses do outro são
importantes. Há um desejo de
agradar o outro (que é
mútuo) e não apenas de usar
o outro e nesta mutualidade
o prazer se intensifica.
DICA 4: Desenvolva um alto
grau de preocupação pelo
outro
De certa forma este item
está relacionado com o
anterior. Para um desfrute
intenso da relação sexual é
necessário se estar atento e
preocupado com o outro. O
outro deve ser a pessoa mais
importante em sua vida –
acima de filhos, pais ou
qualquer outra pessoa.
Saber de detalhes do
dia-a-dia, das frustrações e
alegrias, das angústias e
necessidades do cônjuge leva
a uma sintonia fina com o
mesmo e um sentimento de
unidade relacional que
facilita o entregar-se
plenamente no momento da
relação. Quando se tem a
liberdade de entrega plena
na relação, com a redução de
todas as tensões, ansiedades
e medos de ser usado, com
certeza se desfruta de uma
maior intensidade de prazer.
DICA 5: Assegure um clima de
confiança e fidelidade
Sem um clima de confiança
não há verdadeira entrega.
Ninguém se entrega
plenamente ao outro se não
puder confiar totalmente
nesta pessoa. Isso está
intimamente relacionado com
os demais itens acima, em
especial com a transparência
na comunicação.
Em minha experiência de mais
de 25 anos como terapeuta de
casais e de famílias, tenho
observado que quando se
convive intimamente com
outra pessoa, não se
consegue esconder algo dela
por muito tempo. Quando se
tenta esconder algo, a
relação se desestabiliza
através de pequenos sinais e
vai criando um clima de
desconfiança, culminando na
descoberta do que estava se
tentando esconder – mesmo
que isso leve algum tempo:
às vezes anos – mas SEMPRE é
descoberto. Isso acaba
gerando DOIS problemas: o
primeiro é o fato que se
tentou esconder e o segundo
é a tentativa de esconder
propriamente dita.
Desta forma, através de uma
comunicação transparente,
eliminam-se as fantasias da
“grama mais verde do
vizinho”, pois esteja certo
que quando a grama do
vizinho parece mais verde, o
principal motivo é que você
não soube cultivar bem a
sua!
DICA 6: Crie um ambiente
“erótico” permanente
Não se deve confundir
erotismo com pornografia. Um
ambiente erótico permanente
não significa assistir
filmes pornográficos com o
cônjuge, nem ir a boates de
strip-tease. O que quero
dizer com um ambiente
erótico permanente é que não
se pode estar o dia todo
indiferente ao outro e à
noite querer ter relações
sexuais.
Pelo contrário, deve-se
manter a eroticidade
saudável de troca de abraços
e beijos durante todo o
tempo. Mesmo nos dias em que
não se deseje manter
relações sexuais. Isso vai
assegurando ao outro que
ela(e) é importante e
desejável todo o tempo e não
apenas quando eu ‘preciso
satisfazer meus desejos’.
Há casais que acham que
abraçar e beijar deve ser
SEMPRE um preâmbulo da
relação sexual – nada mais
falso que isso! Abraços e
beijos são expressões de
ternura e carinho e devem
estar presentes o tempo todo
no relacionamento do casal.
Quando isso não ocorre o
relacionamento se empobrece.
Além de ser um excelente
referencial para os filhos,
dando-lhes a segurança que
seus pais se amam e que vão
permanecer juntos cuidando
deles – assim eles tem o
mínimo de preocupações para
limitar o desenvolvimento de
todas suas potencialidades.
DICA 7: Seja criativo
A criatividade é um quesito
importantíssimo no
relacionamento conjugal.
Falo da criatividade nos
mais diversos aspectos. Seja
criativo desde planejar um
passeio a pé na vizinhança
ou o preparar um almoço
juntos, até a criatividade
de um presente inesperado
para comemorar o dia do
nada!
A rotina não-criativa pode
ser esmagadora para o
relacionamento conjugal.
Isso não significa que é
necessário mudar as rotinas
todos os dias. O que é
necessário é incrementar
detalhes nas rotinas. Por
exemplo: pode-se arrumar a
“mesa do jantar” do sábado
no chão da sala e desfrutar
de um piquenique ‘indoor’
com toda a família, só para
variar um pouquinho.
DICA 8: Divirtam-se juntos
Há casais que fazem de seu
relacionamento um diálogo de
velório. Só falam de
problemas, doenças, quem
morreu ou quais dívidas
precisam ser pagas. Jamais
riem juntos ou contam algo
engraçado que lhes aconteceu
durante o dia.
Para divertir-se juntos não
é preciso ir ao cinema ou ao
teatro toda a semana, nem
fazer maravilhosas viagens
de férias. É preciso
desenvolver um senso de
humor que esteja presente
todos os dias nas pequenas
coisas. Rir de si mesmo e do
outro nas trapalhadas que
todos cometemos no cotidiano
torna o ambiente familiar
mais relaxado e a intimidade
mais espontânea – além de
produzir serotonina, um
neurotransmissor responsável
por sentimentos de
bem-estar. E quando nos
sentimos bem, temos mais
disposição para a relação
sexual.
DICA 9: Cultive a ternura
Mostre a seu cônjuge que seu
interesse não é só no corpo
dele ou dela, mas na PESSOA
integral! A ternura se
manifesta em pequenas
expressões, em olhares
ternos, em gestos de
solidariedade e apoio. Não é
tão importante fazer longas
declarações de amor quanto
secar uma louça ou separar
documentos para a declaração
do imposto de renda para
ajudar a pessoa a quem se
ama.
São gestos que denotam que
você se preocupa
efetivamente com o bem-estar
do outro e que deseja ver o
outro feliz nas várias
dimensões da vida. Um andar
de mãos dadas na rua, um
colocar o braço ao redor do
ombro do outro durante o
sermão na igreja, uma
palavra de muito obrigado
por uma ajuda necessária –
são todos gestos de ternura
que fortalecem o vínculo e
favorecem a entrega total ao
outro, incrementando o
prazer no momento da relação
sexual.
DICA 10: Seja Sensual
Existem casais que tornaram
a relação sexual uma rotina
tão aborrecida que nunca
desfrutam de um prazer
verdadeiro. Acham que depois
de alguns anos de casado já
não precisam se arrumar para
agradar o outro
esteticamente –
especialmente os homens são
campeões de relaxamento
neste quesito.
A sensualidade não passa por
vestir fantasias com
máscaras ou apetrechos como
a mídia às vezes veicula,
mas passa sim pelo cuidado
com si mesmo ao
relacionar-se com o cônjuge.
Nisso é MUITO importante o
asseio pessoal! Nenhum
cônjuge vai ser despertado
ao prazer da relação se o
outro estiver fedendo a suor
ou chulé! Deve-se tomar um
bom banho, colocar um
perfume atrativo (não
demasiado, nem enjoativo),
usar vestimentas bonitas –
não o velho pijama de
flanela com o joelho
esgarçado, escovar os dentes
para um hálito agradável,
enfim ter os cuidados que se
tinha quando saíam para
namorar quando se
conheceram.
Também é importante o
cuidado com a saúde pessoal.
Não um hedonismo (culto ao
corpo), mas um cuidado
saudável para mostrar-se
atraente ao outro. Há
pessoas que depois que se
casam pensam que não
precisam mais cuidar da
aparência porque isso já não
é importante ao outro e
então engordam 50, 60
quilos, não cuidam dos
cabelos ou das unhas, enfim
vão relaxando de uma forma
geral e acabam adoecendo de
várias maneiras e causando
um afastamento do outro.
Não é preciso ir à academia
malhar todos os dias, mas
creio que manter-se em bom
estado de saúde e em certa
forma física, dentro de
parâmetros aceitáveis para a
idade que se tem são bons
promotores de proximidade
relacional e de saúde sexual
do casal.
Conclusão
Talvez alguns leitores
estejam decepcionados com o
conteúdo do artigo pois
esperavam, quem sabe,
algumas sugestões de formas
diferentes de se manter
relações sexuais ou mesmo
posições excitantes do tipo
Kama Sutra, porém estou
convicto, após 25 anos como
terapeuta de casais, que o
que REALMENTE gera um
profundo prazer no
relacionamento sexual
transcende EM MUITO à
dimensão fisiológica do ato
em si e tem relação com a
unidade mais profunda – uma
unidade de alma – que
vincula, relaxa e permite
uma entrega incondicional, e
esta sim está na base de um
verdadeiro desfrute entre o
casal!
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