Uma senhora escreveu para um
escritor de um jornal com os
sentimentos feridos. Ela
tinha sido convidada para
jantar na casa do filho pela
primeira vez após o
casamento, e sentou-se à
esquerda dele, enquanto a
mãe da esposa se sentou à
sua direita, contrariando as
regras da etiqueta. Ela
pretendia nunca mais
retornar à casa do filho.
Se eu fosse o filho,
provavelmente me teria
sentido culpado exatamente
por essa falha de etiqueta,
não porque eu pretendesse
insultar minha mãe e honrar
minha sogra, mas porque
ignoro completamente as
sutilezas das finezas
sociais.
Será que nós, como cristãos,
guardamos mágoa contra
outras pessoas por
negligências reais ou
imaginárias? Se aquela mãe
cumpre a promessa de nunca
mais visitar o filho, haverá
inimizade entre eles e uma
fila de simpatizantes de um
lado ou de outro que podem
nem saber o que ocasionou a
inimizade.
Dessas pequenas coisas advêm
as divisões e as facções na
igreja. Paulo disse que o
ódio ("inimizades" na
Revista e Atualizada) é uma
obra da carne. Barnes
afirmou o seguinte a
respeito da palavra ódio em
seu comentário sobre 2
Coríntios e Gálatas: "No
grego, ódios, no plural.
Antipatias, falta de amor,
produzindo contendas e
dissensões" (p. 383).
Esta palavra é o oposto de
ágape (amor). Podemos ter
algum entendimento dessa
obra da carne quando
entendemos o fruto do
Espírito que se lhe opõe, o
amor, como revela Mateus
22:39, Romanos 3:10 e Mateus
7:12. Amamos o próximo como
a nós mesmos quando não
causamos mal a ele e não lhe
fazemos nada que ele não
quer.
O ódio é vingativo,
retaliatório, produzindo
rancor e mágoa em relação às
outras pessoas. Além de
causar dano às outras
pessoas, é prejudicial para
aquele que o nutre no
coração. Torna-o amargurado
e o corrói por dentro.
Praticar essa obra da carne
é possuir as qualidades que
produzem inimigos. Podemos
ter inimigos, mas eles não
podem surgir por causa da
nossa malfeitoria. Paulo
disse: "Se possível, quanto
depender de vós, tende paz
com todos os homens"
(Romanos 12:18).
As seitas e as facções
brotam das inimizades. Os
problemas nas congregações
muitas vezes se atribuem a
"conflitos de
personalidade". Fico
pensando se não seria melhor
dizer "inimizades".
Dizemos que alguém estourou
quando perde o controle. O
ferro de um martelo ou de um
machado escapando do cabo
pode causar muito prejuízo
(veja Deuteronômio 19:5).
Iras significa ira acalorada
ou paixão, surtos ou ataques
de raiva. Essa obra da carne
é perigosa para os cristãos
como o é o cabo solto do
machado numa floresta cheia
de homens trabalhando.
Nos ataques de raiva, a
língua se solta e as coisas
são ditas sem que se possa
voltar atrás. Tiago compara
a língua ao fogo, do qual
uma só faísca pode causar um
grande incêndio (Tiago
3:5-6). Quem se ira com
facilidade age tolamente,
atiça a contenda e
transborda na transgressão
(Provérbios 14:17; 29:22).
"Cruel é o furor, e
impetuosa, a ira"
(Provérbios 27:4). O
presbítero não deve ser
rápido em irar-se, nem ser
dado a brigas (1 Timóteo
3:3; Tito 1:7).
Algumas pessoas se orgulham
de ser irascíveis, achando
que isso denota resistência
ou força, mas o escritor de
Provérbios afirmou: "Melhor
é o longânimo do que o herói
da guerra, e o que domina o
seu espírito, do que o que
toma uma cidade" (Provérbios
16:32). Outros justificam os
seus acessos de raiva
dizendo: "Eu sou assim
mesmo, nasci desse jeito",
passando a culpa para Deus,
que os fez, ou para os
antepassados de quem pensam
ter herdado esse traço. Mas
podemos controlar-nos.
Devemos despojar-nos da ira
(Colossenses 3:8). Não nos
seria mandado fazer algo de
que não fôssemos capazes.
As obras da carne e o fruto
do Espírito não se combinam.
Não é possível produzirmos o
fruto do amor e ao mesmo
tempo nutrir inimizades no
coração, e não podemos
exercer o domínio próprio,
um fruto do Espírito, e ter
acessos de raiva; mas o
amor, fruto do Espírito,
eliminará as inimizades, e o
domínio próprio nos impedirá
de "estourar".
Os bebês em Cristo que,
antes de ser filhos de Deus,
eram culpados de inimizades
e de iras, podem
experimentar problemas com
elas. Nós que já somos
crescidos não. Já devem ter
sido eliminadas. Os cristãos
jovens devem crescer nisso
bem como em outras áreas.
Antes de relacionar as obras
da carne e o fruto do
Espírito, Paulo disse:
"Andai no Espírito e jamais
satisfareis à concupiscência
da carne" (Gálatas 5:16). A
palavra escondida no coração
nos impedirá de pecar
(Salmos 119:11).
Alguém que por um instante
fracasse na questão das
inimizades e da ira pode
encontrar o perdão de Deus
por meio do arrependimento,
da confissão e da oração.
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